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Greve ameaça produção
de usinas nucleares
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
Cerca de 400 funcionários da
INB (Indústrias Nucleares do
Brasil), de Resende (RJ), entraram em greve ontem, paralisando
a produção de combustível para
as usinas nucleares.
Liderada pelo Sindicato dos
Trabalhadores nas Indústrias
Químicas, Farmacêuticas do Sul
Fluminense, ligado à CUT (Central Única dos Trabalhadores), a
greve não tem data para terminar.
Uma equipe formada por 15%
dos empregados continua trabalhando para manter o funcionamento do maquinário em velocidade mínima e fazer o controle do
fluxo de urânio.
De acordo com o sindicato e
com a INB, a greve só afetará o
abastecimento de combustível
para as usinas nucleares se perdurar por mais de um mês. A fábrica
estava produzindo as pastilhas
-a partir de urânio enriquecido- para a recarga da usina Angra 1 programada para fevereiro
do ano que vem.
A greve pode retardar os testes
de enriquecimento de urânio em
Resende, cujo início estava previsto para este mês ou janeiro. Segundo a empresa, a inauguração
dependia apenas da agenda do
ministro de Ciência e Tecnologia,
Eduardo Campos.
O presidente do sindicato, Jorge
Pinho, disse que os funcionários
farão assembléia na próxima terça-feira e que, até lá, esperam que
a direção da INB apresente uma
nova proposta de reajuste salarial.
A INB ofereceu 7,9% de aumento . O sindicato reivindica aumento de 65,47% ou a reclassificação
de cargos e salários. A fábrica tem
411 funcionários, sem contar os
terceirizados. Segundo a INB, a
média salarial é R$ 1.400. No ápice
da carreira, os engenheiros mais
qualificados chegam a ganhar
cerca de R$ 11 mil.
A INB diz que os 7,9% propostos significam a primeira oferta de
aumento real -acima da inflação-, feita aos empregados nos
últimos dez anos. A empresa sustenta que a proposta foi aprovada
pelos funcionários que trabalham
na mina de urânio, em Caetité
(BA), na extração de minerais pesados, em Buena (litoral norte do
Estado do Rio de Janeiro), na sede
(Rio de Janeiro) e na unidade de
Poços de Caldas (MG). O sindicato, por sua vez, diz que a oferta foi
recusada pela maioria dos trabalhadores em todas as unidades.
Jorge Pinho disse que um porta-voz da INB entrou em contato ontem com o sindicato e informou
que a empresa está aberta ao diálogo, mas não fez nova proposta.
Segundo ele, a adesão à greve superou a expectativa do sindicato.
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