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Mercadante ignora crítica e constrange PT
Derrotado no 1º turno e com ex-assessor implicado no caso do dossiê, senador prefere ressaltar sua votação em encontro
Ex-prefeita Marta Suplicy fala em "graves desvios éticos" do partido; reunião conclama oposição ao governo Serra em São Paulo
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
Em evento do PT que tinha
como propósito a análise da
eleição deste ano em São Paulo,
o senador Aloizio Mercadante,
candidato derrotado no primeiro turno ao governo, causou constrangimentos aos presentes ontem ao não assumir os
erros cometidos por seu ex-assessor Hamilton Lacerda no
caso do dossiê contra tucanos.
O encontro petista também
aprovou uma resolução "conclamando" o partido no Estado
a fazer oposição ao governador
eleito José Serra (PSDB).
Lacerda foi um dos homens
de confiança de Mercadante na
campanha, teve seu indiciamento pedido pela CPI dos
Sanguessugas e é investigado
pela Polícia Federal .
O episódio, às vésperas do
primeiro turno, foi decisivo para diminuir a vantagem de Lula
sobre Geraldo Alckmin
(PSDB), o que acabou provocando o segundo turno.
No discurso que fez aos dirigentes do partido ontem, o senador preferiu ressaltar sua votação (6,8 milhões de votos) e
elencar as dificuldades que enfrentou, como, segundo ele, a
pouca capilaridade do PT no interior de São Paulo.
Em uma rápida referência ao
dossiê, Mercadante disse que o
caso foi decisivo para atrapalhar o partido em todas as esferas. "Mas eu acho que há outras
questões", concluiu.
"Foi um discurso bom, porém insuficiente porque ele
não reconheceu alguns erros
cometidos na campanha. Foi
um pouco egocêntrico", disse o
vereador de São Paulo, João
Antonio, secretário-geral do diretório paulista e um dos organizadores do evento.
Dos dez textos apresentados
no encontro, de diferentes tendências, pelo menos sete faziam pesadas críticas ao episódio do dossiê, ao comando da
campanha de Mercadante e ao
Diretório Estadual do PT.
A ex-prefeita Marta Suplicy
foi mais enfática ao comentar o
episódio. Segundo ela, "graves
desvios éticos foram cometidos
por alguns companheiros".
Mas ressaltou a união do partido para a vitória de Lula. "Nós
conseguimos manter no meio
dessa "desgraceira" toda a nossa
unidade", disse.
Mercadante deixou a reunião
do Diretório Estadual, realizada em um hotel de São Paulo,
sem atender aos jornalistas.
Oposição e divisão
Mesmo sem ser muito enfático, o PT aprovou uma resolução colocando o partido na
oposição a Serra. O texto faz
crítica às gestões tucanas no
Estado e à escolha de Guilherme Afif Domingos (PFL), "ícone do neoliberalismo paulista",
para a Secretaria do Trabalho.
O encontro também demonstrou a divisão de forças no
PT paulista, que deverá se refletir no congresso nacional do
partido em 2007. Grupos até
então afinados com o atual comando, como os do deputado
federal João Paulo Cunha e do
prefeito de Guarulhos, Elói Pietá, apresentaram textos com
críticas à atual direção.
O presidente estadual do PT,
Paulo Frateschi, disse que o
partido "foi bem". "Nós erramos porque devíamos ter disputado desde o primeiro dia como se já fosse a um segundo
turno", disse.
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