São Paulo, quinta-feira, 18 de janeiro de 2001

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PRIVATIZAÇÃO

Justiça ouviu agente da Abin e investigador

Acusados negam participação em episódio do grampo do BNDES

DA SUCURSAL DO RIO

O agente licenciado da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Temílson Antônio Barreto de Resende, o Telmo, e o investigador particular Adilson Alcântara de Mattos negaram ontem qualquer envolvimento com o episódio do grampo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) durante o processo de privatização das estatais de telecomunicações, em 1998. Eles foram os primeiros a depor no processo judicial que tramita na 2ª Vara Federal Criminal do Rio.
Os dois outros funcionários da Abin denunciados no caso, João Guilherme dos Santos Almeida (ex-chefe da agência no Rio) e Gerci Firmino da Silva (ex-chefe de operações), conseguiram liminar suspendendo o interrogatório que prestariam ontem à tarde.
O Tribunal Regional Federal do Rio deferiu os pedidos de habeas corpus com trancamento da ação -sob alegação de falta de provas- e concedeu liminares suspendendo o interrogatório de Almeida e Firmino da Silva até o julgamento do mérito dos pedidos.
Os advogados de Telmo e de Alcântara de Mattos entraram ontem com pedidos idênticos pouco antes do horário marcado para os interrogatórios, mas o juiz da 2ª Vara Federal Criminal, Alexandre Libonati de Abreu, não aceitou esperar até que o habeas corpus fosse julgado e determinou o início do interrogatório.
Segundo a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal, Telmo, com a colaboração de Mattos, grampeou os telefones do BNDES cumprindo ordem de Almeida e de Firmino da Silva.
Os quatro são acusados de suposta prática do crime de interceptação telefônica sem ordem judicial -pena prevista de dois anos a quatro anos de detenção.
Os depoimentos demoram cerca de duas horas e 30 minutos. No interrogatório de ontem, tanto Telmo quanto Alcântara de Mattos negaram participação no grampo e afirmaram ter sido surpreendidos pelas acusações.
Alcântara de Mattos disse que, no período em que o grampo teria sido feito, ele estava internado na CTI de uma clínica por causa de uma crise cardíaca. Ele apresentou laudos e atestados médicos, anexados ao processo.
Telmo disse acreditar ter sido apontado como responsável pelo grampo para "prejudicar a implantação da Abin". Ele negou que tenha alguma vez trabalhado com Mattos -que, no entanto, admitiu ter prestado dois pequenos serviços profissionais em caráter particular a Telmo.
Na saída do interrogatório, Telmo estava sorridente e disse que estava confiante que sua inocência será provada.


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