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Câmara gasta R$ 80 mi com verba de gabinete em 2007
Transparência Brasil afirma que deputados gastaram R$ 19,6 milhões só em viagens
Levantamento também aponta que 163 dos 513 deputados federais têm ocorrências na Justiça ou
em Tribunais de Contas
MICHELE OLIVEIRA
DA REDAÇÃO
Somente no ano passado, os
deputados federais em exercício gastaram quase R$ 80 milhões com viagens, combustíveis, consultorias, material de
divulgação, aluguel de comitês
em seus Estados, material de
escritório e serviços de segurança. Além do salário mensal
de R$ 16,5 mil, cada deputado
tem direito a uma verba indenizatória -"verba de gabinete"-
de R$ 180 mil por ano para gastar com essas despesas.
Os números são parte do levantamento "Como São Nossos
Parlamentares", divulgado ontem pela ONG Transparência
Brasil, que fez uma análise de
29 Casas legislativas do país
(Senado, Câmara dos Deputados, Câmara Distrital e 26 Assembléias Legislativas) e o que
fizeram seus integrantes durante todo o ano passado.
Dos R$ 79,6 milhões gastos
pela Câmara dos Deputados
com a "verba de gabinete",
R$ 19,6 milhões foram usados
pelos parlamentares para pagar
viagens -é a principal despesa,
seguida dos R$ 16,8 milhões
gastos com combustíveis.
No entanto, não está incluído
nesse valor o que os deputados
gastaram em seus deslocamentos entre Brasília e seus Estados de origem, já que, segundo
a ONG, esse tipo de viagem é
pago separadamente pela Casa.
"As viagens pagas com dinheiro
da verba indenizatória são para
outras finalidades que os deputados afirmam serem relacionadas ao exercício do mandato", diz o documento.
De acordo com o estudo,
Mussa Demes (DEM-PI) foi o
único a gastar toda a sua "verba
de gabinete" (R$ 180 mil) com
viagens. Conforme cálculo da
ONG, com esse dinheiro Demes poderia ter dado em 2007
23 voltas ao redor da Terra.
No item de gastos com combustíveis -carros, aviões e barcos-, cada deputado tem direito a até R$ 4.500 por mês para
essa despesa. Oito deles pediram reembolso do total a que
tinham direito no ano (R$ 54
mil) -Aníbal Gomes (PMDB-CE), Arnon Bezerra (PTB-CE),
Armando Abílio (PTB-PB),
Wladimir Costa (PMDB-PA),
Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), José Linhares (PP-CE),
Nelson Marquezelli (PTB-SP) e
Jovair Arantes (PTB-GO).
Na mira
O levantamento revelou que
163 deputados federais de um
total de 513 -ou 32% da Câmara- têm ocorrências na Justiça
ou em Tribunais de Contas. Lideram esse ranking as bancadas do Tocantins (75% dos deputados com ocorrências), Paraíba (66,7 %), Santa Catarina
(62,5%), Amapá, Rondônia e
Mato Grosso (50% cada uma).
Por partidos, o PMDB, a
maior bancada da Casa, é o que
tem mais deputados com problemas na Justiça ou em Tribunais de Contas. Dos seus 92
parlamentares, 32 têm ocorrências nesses órgãos. Em seguida, vem o PSDB, cuja bancada de 57 tem 21 nomes que são
alvos de ocorrências.
O estudo, que analisou o patrimônio dos legisladores, concluiu que no Ceará uma pessoa
precisaria trabalhar 1.770 anos
-sem gastar nada- para alcançar a média do patrimônio dos
senadores do Estado, de R$ 8,9
milhões. A pesquisa completa
pode ser consultada no site
www.transparencia.org.br.
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