São Paulo, sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

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Governo afeta caso Celso Daniel, diz Bicudo

Advogado apresenta cartas de irmão e cunhada de ex-prefeito; eles defendem investigação por promotores

FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REDAÇÃO

O advogado Hélio Bicudo apresentou ontem duas cartas enviadas pelo casal Bruno Daniel e Marilena Nakano, irmão e cunhada do ex-prefeito petista de Santo André (SP) Celso Daniel, morto há seis anos.
Ligado historicamente ao PT -foi vice-prefeito de Marta Suplicy em São Paulo-, Bicudo disse que é "preciso deixar a Justiça atuar sem pressões", que seriam "entraves para a descoberta da verdade".
"As pressões vêm do Estado, do governo federal. Não são pressões muitas vezes diretas, mas indiretas. A maneira pela qual foram ameaçados. Uma imposição quase de que eles deviam sair do país", disse. Segundo ele, "o governo nunca viu com bons olhos uma investigação que levasse à descoberta da verdade, que eu não sei qual é".
Questionado sobre o retorno do casal, Bicudo cobrou que eles "tenham a garantia de vida aqui no Brasil que não tinham antes". Bruno e Marilena foram reconhecidos pelo governo francês como refugiados políticos. Eles saíram do país em 2006, com os três filhos.
Uma carta tornada pública é endereçada a Bicudo. A outra, a Ellen Gracie, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal). "Depois de termos vivido os duros anos da ditadura militar, não imaginávamos que alguém seria obrigado a sair do país e se refugiar em outro", escreveu o casal.
Para Ellen dizem ter grande preocupação com a ação que está no Supremo questionando a legitimidade de promotores conduzirem investigações. Advogados do empresário Sérgio Gomes da Silva, apontado pelo Ministério Público como o mandante do crime de Celso Daniel (ele nega), alegam que só a polícia pode investigar.
"Impedir que o Ministério Público possa investigar significa contribuir para a existência de novos exilados brasileiros", diz a carta. Antes de deixar o país, Bruno e Marilena afirmaram receber ameaças de morte por cobrarem a elucidação do assassinato de Celso Daniel. Seqüestrado em 2002, quando estava em um carro conduzido por Gomes da Silva, seu corpo foi localizado dois dias depois.


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