São Paulo, domingo, 18 de fevereiro de 2001

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Partidos aliados disputam cargos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os desentendimentos entre os partidos aliados do presidente Fernando Henrique Cardoso no Senado não terminaram com a eleição do senador Jader Barbalho (PMDB-PA) para presidente da Casa. A distribuição das presidências das comissões permanentes está causando novas divergências internas no PFL, no PSDB e no PMDB e vai exigir muita articulação dos líderes.
O maior problema é como o PFL vai acomodar o ex-presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que quer ser presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) -cargo que caberá ao PFL na distribuição das presidências.
Mas, em um acerto antigo, a vaga foi prometida pelo líder do partido, Hugo Napoleão (PI), a Bernardo Cabral (PFL-AM), que já presidiu a CCJ e é ex-presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Cabral já mandou dizer que não abre mão.
A outra vaga do PFL é a presidência da Comissão de Educação, já prometida a José Jorge (PE).
Outro problema está no PSDB. Segundo os critérios de proporcionalidade seguidos na distribuição das presidências de comissões, a primeira escolha caberia ao PMDB, que tem a maior bancada. Mas o partido cedeu o direito ao PSDB, no acordo feito para garantir a eleição de Jader.
O PSDB cedera seu lugar principal na Mesa Diretora -a primeira vice-presidência, que ficou com o PFL- em troca de se fortalecer nas comissões.
O PSDB quer ficar com a CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) e o cargo já está sendo disputado pelos senadores Pedro Piva (SP) e Romero Jucá (RR).
Mas a presidência da CAE também causa outro problema: o atual presidente, Ney Suassuna (PMDB-PB), avisou Jader que, se permanecer no cargo, desistirá de disputar a vaga de líder do partido com Renan Calheiros (AL), o preferido do presidente do Senado.
Está causando mal-estar também a terceira escolha, que cabe ao PMDB. Pelo acerto feito entre os partidos para eleger Jader, o PMDB deve escolher a CAS (Comissão de Assuntos Sociais) e cedê-la a Emília Fernandes (RS).
Nesse ponto, os entendimentos enfrentam o veto do bloco de oposição. O líder, José Eduardo Dutra (PT-SE), disse que Emília só será presidente de comissão se for na cota do PMDB, já que ele não a indicará nem para integrante de qualquer comissão.
Isso porque, segundo informações de aliados do governo, Emília votou em Jader em troca da presidência da CAS.
O acerto foi feito por Ademir Andrade (PSB-PA), que garantiu para Jader dois votos, além do seu: o de Emília e o de Antonio Carlos Valadares (PSB-SE).


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