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CONGRESSO
Para presidente da Câmara, governo corre o risco de ser derrotado
FHC precisa recompor base até março, alerta Aécio
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente da Câmara, Aécio
Neves (PSDB-MG), alertou o presidente Fernando Henrique Cardoso de que deve recompor a base
aliada até o começo do próximo
mês a fim de evitar uma derrota
no projeto que limita o poder das
MPs (medidas provisórias).
Em reunião anteontem, Aécio
disse a FHC que não adiará a
apreciação da emenda constitucional que restringe a edição de
MPs e da proposta que mantém a
proibição de editar MPs a respeito
de matérias que tenham sido objeto de reforma constitucional.
Aliado de FHC, o presidente da
Câmara assumiu um compromisso com a oposição de votar a limitação das MPs. Para não perder
força no começo de seu mandato,
Aécio acredita que tem obrigação
de apreciar o combinado.
O tucano fez uma pregação de
independência e de respeito à minoria para se eleger presidente da
Câmara. A Folha apurou que ele
considera que votar as MPs será
seu primeiro teste para demonstrar autoridade no cargo.
Na convocação extraordinária
de 29 de janeiro até a última quarta-feira, o governo obstruiu a votação da limitação das MPs depois de ter sido derrotado por
uma aliança da oposição com os
pefelistas na votação da MP que
trata da data de pagamento dos
salários dos servidores.
O desafio do Palácio do Planalto
é, até o começo do próximo mês,
recompor sua base de apoio, ainda conflagrada devido ao resultado das eleições para as presidências da Câmara e do Senado. Pela
primeira vez no governo FHC, o
PFL perdeu o comando de uma
das duas Casas do Congresso.
O PSDB e o PMDB assumiram o
poder no Legislativo, colocando
os pefelistas em segundo plano na
aliança governista. O tucano Aécio assumiu a Câmara na quarta-feira passada. O peemedebista Jader Barbalho (BA) se elegeu presidente do Senado no mesmo dia.
Liderança
O peso do cargo que conquistou
jogou Aécio ainda mais para o
centro das articulações do PSDB.
Ele articula um acordo entre os
dois concorrentes à liderança do
partido na Câmara, cargo que
ocupava anteriormente.
A eleição está marcada para a
próxima terça-feira. A intenção
de Aécio, que joga contra uma
tentativa de FHC de buscar uma
terceira via, é ser pai de um entendimento entre Jutahy Magalhães
(BA) e Nárcio Rodrigues (MG).
Anteontem, em Brasília, reuniu-se com Jutahy e Nárcio. Jutahy, ligado ao ministro da Saúde,
José Serra, está em vantagem e
hoje tem mais possibilidade de
ganhar do que Nárcio. No entanto, Nárcio tem apoio de quase metade da bancada. Se disputar uma
eleição no voto secreto, tem chance de vencer Jutahy.
Os votos da bancada do Ceará
estão sendo disputados pelos
dois. Dos 11 deputados federais
cearenses, 9 manifestaram apoio
a Jutahy, mas a operação pode ser
revertida.
Tasso não tem simpatia por Jutahy. Só orientou sua bancada a
votar no baiano para não parecer
que era ele quem o vetava. A restrição a Jutahy vem do presidente.
Na eleição presidencial de 1994,
na qual FHC se elegeu, Jutahy
apoiou Lula. Anteontem, para
tentar diminuir essa restrição, o
baiano atacou ACM, que criticara
o presidente.
A Folha apurou que Nárcio
considera fechar um acordo com
Jutahy, mas também analisa tentar uma articulação para ganhar
votos cearenses em uma eleição
secreta.
(KENNEDY ALENCAR)
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