São Paulo, domingo, 18 de fevereiro de 2001

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CONGRESSO

Para presidente da Câmara, governo corre o risco de ser derrotado

FHC precisa recompor base até março, alerta Aécio

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), alertou o presidente Fernando Henrique Cardoso de que deve recompor a base aliada até o começo do próximo mês a fim de evitar uma derrota no projeto que limita o poder das MPs (medidas provisórias).
Em reunião anteontem, Aécio disse a FHC que não adiará a apreciação da emenda constitucional que restringe a edição de MPs e da proposta que mantém a proibição de editar MPs a respeito de matérias que tenham sido objeto de reforma constitucional.
Aliado de FHC, o presidente da Câmara assumiu um compromisso com a oposição de votar a limitação das MPs. Para não perder força no começo de seu mandato, Aécio acredita que tem obrigação de apreciar o combinado.
O tucano fez uma pregação de independência e de respeito à minoria para se eleger presidente da Câmara. A Folha apurou que ele considera que votar as MPs será seu primeiro teste para demonstrar autoridade no cargo.
Na convocação extraordinária de 29 de janeiro até a última quarta-feira, o governo obstruiu a votação da limitação das MPs depois de ter sido derrotado por uma aliança da oposição com os pefelistas na votação da MP que trata da data de pagamento dos salários dos servidores.
O desafio do Palácio do Planalto é, até o começo do próximo mês, recompor sua base de apoio, ainda conflagrada devido ao resultado das eleições para as presidências da Câmara e do Senado. Pela primeira vez no governo FHC, o PFL perdeu o comando de uma das duas Casas do Congresso.
O PSDB e o PMDB assumiram o poder no Legislativo, colocando os pefelistas em segundo plano na aliança governista. O tucano Aécio assumiu a Câmara na quarta-feira passada. O peemedebista Jader Barbalho (BA) se elegeu presidente do Senado no mesmo dia.

Liderança
O peso do cargo que conquistou jogou Aécio ainda mais para o centro das articulações do PSDB. Ele articula um acordo entre os dois concorrentes à liderança do partido na Câmara, cargo que ocupava anteriormente.
A eleição está marcada para a próxima terça-feira. A intenção de Aécio, que joga contra uma tentativa de FHC de buscar uma terceira via, é ser pai de um entendimento entre Jutahy Magalhães (BA) e Nárcio Rodrigues (MG).
Anteontem, em Brasília, reuniu-se com Jutahy e Nárcio. Jutahy, ligado ao ministro da Saúde, José Serra, está em vantagem e hoje tem mais possibilidade de ganhar do que Nárcio. No entanto, Nárcio tem apoio de quase metade da bancada. Se disputar uma eleição no voto secreto, tem chance de vencer Jutahy.
Os votos da bancada do Ceará estão sendo disputados pelos dois. Dos 11 deputados federais cearenses, 9 manifestaram apoio a Jutahy, mas a operação pode ser revertida.
Tasso não tem simpatia por Jutahy. Só orientou sua bancada a votar no baiano para não parecer que era ele quem o vetava. A restrição a Jutahy vem do presidente.
Na eleição presidencial de 1994, na qual FHC se elegeu, Jutahy apoiou Lula. Anteontem, para tentar diminuir essa restrição, o baiano atacou ACM, que criticara o presidente.
A Folha apurou que Nárcio considera fechar um acordo com Jutahy, mas também analisa tentar uma articulação para ganhar votos cearenses em uma eleição secreta. (KENNEDY ALENCAR)


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