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Erva que consome sal despolui solo e alimenta animais, diz pesquisa
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BARRA DE SANTA ROSA (PB)
O camarão é o principal, mas
não o único produto do aproveitamento do rejeito de água dessalinizada. A pesquisa realizada em
Barra de Santa Rosa envolve também a irrigação da atriplex, uma
planta nativa da Austrália e que só
se desenvolve com a água salgada.
Conhecida como "erva sal",
consome todo o sal da água lançada no solo, o que lhe dá uma função ecológica apropriada para o
aproveitamento do rejeito. A atriplex pode resolver um problema
grave do sertão, a alimentação do
rebanho caprino e bovino.
Suas folhas e galhos substituem,
por exemplo, o milho ou o sorgo
-culturas irregulares na região
devido à falta de chuva que são a
base da alimentação animal.
Essas conclusões são de pesquisa da Embrapa do semi-árido,
com sede em Petrolina (PE), que
tem recomendado a disseminação da atriplex na região como
planta despoluidora e complemento alimentar para os animais.
A experiência na Paraíba mostra o efeito devastador do rejeito
dos dessalinizadores. Ao lado dos
tanques de criação de camarão e
tilápias, os pesquisadores irrigam
uma lavoura da atriplex e uma faixa de 200 metros quadrados de
vegetação nativa.
Após quatro meses, já não há
mais vegetação nativa, morta pelo
sal. Na faixa de cultivo da atriplex,
o solo se mantém normal, segundo Reginaldo Guedes, pesquisador do CNPq. Ele está iniciando a
pesquisa de utilização do rejeito
do dessalinizador no cultivo de
coco, melão e pimentão, o que pode abrir novas frentes de renda na
região. Os estudos devem demorar ainda um ano.
"Se chegarmos a resultados satisfatórios, como os já obtidos
com o camarão e a tilápia, estaremos contribuindo muito para a
redução da miséria na região",
afirmou Guedes.
Os melhores resultados da pesquisa com o camarão foram obtidos em um tanque com apenas
um metro de profundidade. Foi
nesse tanque que se conseguiu
produtividade acima da média
nacional. Nos tanques com maior
profundidade, o desenvolvimento do camarão foi cerca de 20%
menor se comparado ao tanque
com um metro de profundidade.
No tanque com profundidade
de um metro, a produtividade
chegou a 3.300 quilos por hectare
-a média nacional é de 2.500.
"Com profundidade menor a
água fica mais quente, o que cria
um ambiente favorável ao desenvolvimento do camarão", diz Maria do Carmo Carneiro, coordenadora do projeto. O programa
usou uma saída regional para baratear a instalação dos tanques,
que precisam ser impermeabilizados para evitar a contaminação
do subsolo pela água salgada.
A escolha da bentonita, um mineral utilizado para vedar poços
fechados de petróleo, foi sugerida
pelo diretor-técnico do Sebrae da
Paraíba, Francisco Nunes. Até então a forma tradicional era a utilização de lona plástica, mais de
três vezes mais cara, o que poderia
inviabilizar o projeto. "Gastamos
R$ 1.500 para impermeabilizar
com a bentonita 1.200 m2 de tanques. A opção da lona custaria R$
5.000", afirmou Nunes.
(AC)
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