São Paulo, domingo, 18 de fevereiro de 2001

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Jornalistas avaliam relevância de manuais

DO PROGRAMA DE QUALIDADE

A atividade jornalística envolve, ao mesmo tempo, precisão e criatividade: exige-se que os textos sejam tão exatos quanto bem escritos. O próprio jornal precisa conciliar dois objetivos que soam antinômicos, diversidade e unidade.
Essa ambivalência torna mais difícil a elaboração de manuais. Até que ponto a fixação de regras de conduta e a definição de padrões, ambas indispensáveis, inibem a criatividade do jornalista?
O diretor de Redação do jornal "O Estado de S.Paulo", Sandro Vaia, defende os manuais como balizadores do trabalho jornalístico, desde que não se tornem camisas-de-força -opinião compartilhada por Graça Caldas, coordenadora do curso de jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo. Vaia acredita que o "culto fundamentalista" aos manuais pode produzir "o efeito perverso de engessar o texto e transformá-lo numa entediante ata".
Jair Borin, chefe do Departamento de Jornalismo da Escola de Comunicações e Artes da USP, vê os manuais como fundamentais para conduzir o fazer jornalístico. Já Sandra de Deus, chefe do Departamento de Comunicação da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, diz que eles surgiram para "engessar" a atividade do jornalista, mas ressalva que, hoje, são uma referência para consulta permanente.

Pioneirismo da Folha
O caráter pioneiro do manual da Folha é assinalado por Eduardo Refkalefsky, coordenador do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro: "Foi o primeiro a mostrar explicitamente normas e procedimentos. No Brasil, achava-se que o jornalista deveria trabalhar artesanalmente, dependendo do voluntarismo e da iniciativa individual. A Folha rompeu com esse paradigma em escala industrial".
Para Borin, os procedimentos fixados em sucessivas edições do manual melhoraram a produção da Folha. Erasmo de Freitas Nuzzi, diretor da faculdade Cásper Líbero, vê no manual do jornal "um instrumento da mais alta eficiência" para a padronização de estilo.


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