São Paulo, terça-feira, 18 de fevereiro de 2003 |
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AGENDA PETISTA Na mensagem ao Congresso, presidente ressalta risco de volta da inflação e evoca "período de incertezas" no mundo Aperto durará tempo necessário, diz Lula
FÁBIO ZANINI LEILA SUWWAN DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em discurso na reabertura dos
trabalhos do Congresso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
chamou a atenção para a ameaça
de guerra e de volta da inflação ao
preparar terreno para medidas
duras, como um provável aumento dos juros amanhã, que ele não
mencionou diretamente. AUSTERIDADE - "Estamos fazendo enorme esforço para conduzir
o país por uma transição criteriosa e segura, compromisso que assumi na Carta ao Povo Brasileiro,
lançada em junho do ano passado, e em meu programa de governo. Esse esforço vem dando frutos
importantes desde o período da
transição, com a queda do dólar e
do risco-Brasil e, em janeiro, com
a reabertura das linhas de créditos
internacionais, que haviam sido
reduzidas praticamente a zero no
final do ano passado. (...) Temos
plena consciência da dureza do
contingenciamento orçamentário
feito na última semana. A determinação de fazer um superávit
primário de 4,25% do PIB é indispensável para impedir que a dívida pública cresça, como aconteceu nos últimos anos. Quero, hoje, reafirmar que medidas como
essa durarão o tempo necessário." GUERRA - "Teremos tempos difíceis pela frente. O mundo entrou
em período de maiores incertezas. A situação internacional se
agravou com o anúncio de uma
nova guerra, o que já está produzindo consequências dolorosas
para a economia mundial. (...) Essa nova instabilidade vem somar-se à difícil situação que herdamos.
A cotação do dólar voltou a subir
em relação ao real, e o risco-Brasil
parou de cair. São mais pedras no
nosso caminho, que temos que
remover, e vamos remover, com
as políticas adequadas que temos
adotado, com dedicação e aumento da nossa coesão social." CRISE ECONÔMICA - "A estabilidade da nossa moeda encontra-se
ameaçada. As pessoas assistem
inquietas à diminuição do poder
de compra de seus salários, com a
alta de muitos preços. O vírus da
inflação voltou a ser, desde o final
do ano passado, uma ameaça real
para o organismo econômico brasileiro. O câmbio permanece instável e distorce nosso sistema de
preços internos." ESPERANÇA - "Venho ao Congresso Nacional com o mais nobre dos sentimentos que aprendi
em toda a minha trajetória de vida
de de luta. O sentimento de que
não importa quantas pedras a
gente tenha pelo caminho, é preciso sempre manter o olhar no futuro e na esperança. O sentimento
de que é preciso acreditar no ser
humano e na sua capacidade de
realização em qualquer circunstância, com o vento a favor ou
com o vento contra." REFORMA TRIBUTÁRIA - "O Brasil
precisa de uma reforma que desonere o investimento produtivo e o
trabalho, que simplifique os mecanismos de arrecadação e estimule o aumento da produtividade e da competitividade externa
da nossa economia, melhorando
a distribuição de renda.(...) É preciso reduzir os espaços para a tão
problemática guerra fiscal, buscando uma convergência capaz
de harmonizar as relações no interior da Federação." REFORMA PREVIDENCIÁRIA - "Temos que garantir um sistema justo e sustentável, que assegure o
pagamento das aposentadorias e
pensões das atuais e das futuras
gerações. Se o custeio do sistema
não for devidamente equacionado, muito em breve não haverá
dinheiro para pagar pensões, benefícios e aposentadorias." CONSELHO X CONGRESSO - "Tenho certeza de que o Conselho de
Desenvolvimento Econômico e
Social, que instalamos na semana
passada, terá importante papel a
cumprir. Esse Conselho é um órgão de assessoramento do presidente, a exemplo do que ocorrem
em várias das maiores democracias do mundo. Mas não vai, em
hipótese alguma, substituir nem
tampouco relativizar o poder do
Congresso Nacional." CRISE SOCIAL - "Vivemos uma
aguda crise social, educacional e
de segurança pública, sobretudo
nas grandes metrópoles brasileiras. Como podemos ficar indiferentes quando vemos parte preciosa da nossa juventude ser arrastada para o mundo do crime e
da marginalidade social? Como
podemos continuar indiferentes
quando vemos todos os dias adolescentes matarem ou serem mortos pelo país afora? Como podemos permanecer indiferentes à
sistemática destruição dos laços
familiares em nossa sociedade,
sobrecarregando principalmente
as mães? Como podemos ser indiferentes aos mais de 40 milhões de
brasileiros e brasileiras que vivem
abaixo da linha de pobreza? Como ficar indiferente quando o
mundo, que precisa de paz, se vê
ameaçado pelo risco iminente de
uma guerra? A sociedade brasileira, para o nosso orgulho, não está
indiferente. Ao contrário. Está
mobilizadíssima." UNIÃO NACIONAL - "Esta é a hora
de cada brasileiro e brasileira pensar menos em si mesmo e mais no
país... Louvável tem sido a conduta política dos governadores e governadoras, prefeitos e prefeitas,
de todos os partidos, que vêm colocando seus compromissos com
a nação acima de seus interesses
particulares. (...) Temos desafios
de ordem econômica e social tão
complexos, tão graves, que por si
só exigiriam a união de todos nesta Casa e no país." HERANÇA - "A fonte de nossas
dores de cabeça é que os governos
anteriores se endividaram cada
vez mais, num círculo vicioso de
empréstimo novo para pagar dívida velha e juro alto para remunerar credores cada vez mais desconfiados. Meu governo tem entre seus principais compromissos
o de realizar (...) reformas que
promovam soluções estruturais e
duradouras para o nosso país."
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