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NO AR
Pelo andar da carruagem
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
De um lado e de outro, histeria. De Aloizio Mercadante e outros petistas do Senado, para começar.
Eles acreditaram na história
do "comando do PT de que a denúncia faz parte da artilharia
de José Serra na campanha de
2002", no dizer do Jornal da Record.
Então, votaram contra a CPI,
mas também a favor, desde que
"ampla". Da Globo:
- Aloizio Mercadante citou o
nome de José Serra como alvo
da investigação.
Não citou só o nome, mas
também o porquê.
Segundo o líder petista, uma
CPI no Senado trataria da "implantação do cartão do SUS",
referência ao Ministério da Saúde, e do dinheiro doado por
uma certa "Asa Branca" à campanha tucana.
Do outro lado, mais histeria.
Antero Paes de Barros, que vinha de acusar o governo de espionagem pouco antes, e outros
senadores tucanos pagaram para ver.
Anunciaram já ter escrito um
requerimento propondo a CPI
ampla, para provar que os senadores petistas não querem CPI
nenhuma.
E trata-se do Senado, que é supostamente a casa das decisões
pensadas, da serenidade, do
bom senso.
Ninguém lá deu atenção aos
avisos de Boris Casoy, um dia
antes. Para os petistas:
- Jogar a culpa pela divulgação do crime em José Serra não
responde a nada.
Para os tucanos:
- A oposição tucana, que
agora clama por CPI, esmerou-se sempre por sepultar todas as
CPIs, inclusive aquela gravíssima, da compra de votos para a
reeleição.
Mas são "setores" do PT e do
PSDB que se deixam levar pela
histeria, segundo outros personagens políticos, dos mesmos PT
e PSDB.
Deputados petistas, a começar
de João Paulo, presidente da Câmara, não demoraram a sair dizendo que não querem saber de
CPI ampla.
Que ela só serviria mesmo para esconder uma investigação
com outra.
Na mesma linha foi Tasso Jereissati, que questionou a CPI
ampla como uma "ameaça" aos
tucanos todos, uma chantagem.
Desde o início, ele se disse contra
a CPI.
Na mesma linha foi o PPS de
seu amigo Ciro Gomes, que saiu
a campo em defesa ardorosa de
José Dirceu.
Ciro atacou "setores" do
PSDB. Já o tucano Aécio Neves
atacou "setores" do PT, mas pediu investigação policial, não
política. Não CPI.
E assim, como repisa dia após
dia o comentarista da Globo,
Franklin Martins, sempre o
mais realista:
- Pelo andar da carruagem,
o mais provável é que a CPI não
saia.
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