São Paulo, domingo, 18 de março de 2001

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Pivôs do caso têm ligações com senador

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

DO ENVIADO ESPECIAL A BELÉM

O senador Jader Barbalho tem influência entre os principais personagens do caso Banpará. Direta ou indiretamente, as pessoas envolvidas com o caso devem favores ao ex-governador do Pará, que chefiou o Estado por duas vezes (83-87 e 91-94).
"Tudo caminha para que não haja punição contra ninguém", diz o procurador da República Ubiratan Cazetta, que denunciou à Justiça diretores do banco que favoreceram empresas durante o governo Jader Barbalho.
Até o governador Almir Gabriel (PSDB), inimigo de Jader nas últimas duas eleições, guarda um estudado distanciamento do caso. Há seis anos no governo, nunca pediu uma investigação.
Na eleição da mesa do Senado, recomendou que o voto do senador Luiz Otávio Campos (sem partido-PA), ligado a ele, fosse para Jader. Quatro dias após sua eleição, Jader foi a Belém e declarou que estava à "disposição" do governo de Almir Gabriel.
O atual presidente do Banpará, Mário Ribeiro, é filho do advogado Nélson Ribeiro, que presidiu o banco à época do desvio de recursos.
No cargo desde junho de 1997, Mário Ribeiro não adotou qualquer providência administrativa para investigar o caso.
Seu irmão, Paulo de Tarso Ribeiro, atual titular da Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça, também atuou no caso. Ele defendeu o pai, com êxito, num recurso apresentado ao Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional para reverter uma punição aplicada pelo BC.
Jamil Xaud, outro diretor do Banpará na ocasião, foi diretor financeiro na última campanha eleitoral do senador, em 98, a governador. E, antes disso, havia sido tesoureiro no jornal do peemedebista, o "Diário do Pará".
Assim como Augusto César Belo, também ex-diretor do banco, que virou secretário na segunda gestão Jader.
Já morto, Joaquim Figueiredo rompeu com o senador após anos de bom convívio.
Na Promotoria de Justiça do Pará, o atual procurador-geral é Geraldo Rocha, um dos primeiros a atuar no caso por sugestão do então governador Hélio Gueiros. Mandou arquivar o processo após andamento de 25 dias, em 1991. E a advogada Marília Crespo, que o antecedeu no cargo, é uma das pessoas suspeitas de haver dado um sumiço na papelada que estava no Ministério Público. Foi vereadora pelo PMDB e advogada de Jader nas campanhas políticas.



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