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BC recolhe documentos na delegacia de Belém
DO ENVIADO ESPECIAL A BELÉM
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
A direção do Banco Central
mandou recolher todos os documentos, relatórios e processos sobre o Banpará (Banco Estadual do
Pará), que há anos descansavam
nos arquivos da delegacia do banco em Belém.
No Carnaval, o procurador-adjunto do BC Francisco José de Siqueira foi ao Pará retirar dos arquivos o relatório do inspetor
Abrahão Patruni Júnior que descreveria a sistemática utilizada em
1984 para irrigar US$ 10 milhões
do caixa do Banpará para contas
do então governador, Jader Barbalho, e pessoas ligadas a ele.
Siqueira retirou o documento
na Quarta-Feira de Cinzas, dia 28
de fevereiro, e voou rumo a Brasília para entregá-lo ao procurador
José Coelho Ferreira e ao presidente do BC, Armínio Fraga.
Dias depois, seguiram para Brasília pelo malote os processos relativos à demissão do inspetor
Hamilton Francisco de Assis Guedes, funcionário de carreira do BC
que ocupou a diretoria de finanças do Banpará durante o governo Jader.
A centralização de documentos
na sede do BC foi ordenada por
Armínio Fraga para que não houvesse vazamento de informações
sobre o caso. Fraga vem adiando a
remessa do relatório de fiscalização para o senador Jader Barbalho e para o Ministério Público do
Pará. Ambos pediram cópia do
documento, mas ainda não obtiveram resposta.
O zelo demonstrado pelo BC
acentua o comportamento atípico
adotado pela autarquia desde o
início do caso. O ex-presidente do
BC Francisco Gros afirma ter enviado aos promotores tudo o que
tinha sobre a investigação.
Em 1996, o então presidente do
BC, Gustavo Loyola, chegou a enviar carta para Jader Barbalho informando que seu nome não era
citado nos documentos. Na verdade, não era citado num ofício
de Gros, com apenas três páginas,
escrito em 1992.
O tratamento destoa da relação
mantida entre o BC e o governo
paraense durante as investigações. O então governador, Hélio
Gueiros, chamava os funcionários
do BC de "cachaceiros", "facciosos" e "indecentes" durante a intervenção e as investigações sobre
desvios feitas durante sua gestão
(1987 a 1990).
Por ironia, o inspetor responsável pela investigação é, até agora,
quem tem maior chance de ser
punido. Chamado a Brasília no
dia 7 de março, Patruni Júnior foi
ouvido por duas horas pelos diretores de Fiscalização, Tereza
Grossi, e de Administração, Edson Bernardes.
No final da reunião, firmou um
depoimento por escrito, o que
vem preocupando os dirigentes
do Sinal (sindicado dos funcionários do BC). "Não podemos deixar que façam isso com um funcionário corajoso e competente",
diz o presidente do sindicato, David Falcão, que já providenciou a
contratação de um advogado para defender o funcionário.
(WLADIMIR GRAMACHO, ARI CIPOLA
e LUÍS INDRIUNAS)
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