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ACIDENTE EM ALTO-MAR
Presidente da Petrobras diz que há mais chances de a P-36 não submergir completamente
Plataforma passa a afundar mais devagar
CRISTIAN KLEIN
SABRINA PETRY
ENVIADOS ESPECIAIS A MACAÉ
Henri Philippe Reichstul, presidente da Petrobras, disse que a
plataforma P-36, na Bacia de
Campos, afundou mais meio metro da noite de anteontem até o
início da manhã de ontem.
Segundo Reichstul, as perspectivas de que a plataforma não
afunde completamente ficaram
mais otimistas, uma vez que a P-36 havia submergido 1,5 metro no
primeiro dia do acidente, na quinta-feira, e, anteontem, estava
afundando num ritmo de 2 metros a cada seis horas. Anteriormente, a Petrobras só havia divulgado a submersão de 1,5 m.
A P-36, a maior plataforma de
produção de petróleo em alto-mar do mundo sofreu três explosões na madrugada da quinta-feira. O gerente-executivo de Exploração e Produção da Região Sul-Sudeste da Petrobras, Carlos Tadeu da Costa Fraga, afirmou que
30 pessoas estão trabalhando na
tentativa de salvar a plataforma.
Segundo ele, os técnicos vedaram buracos na coluna atingida
pelas explosões para evitar mais
entrada de água na plataforma.
Ele também disse foram instaladas mangueiras na P-36 para permitir a injeção de nitrogênio na
coluna inundada. O objetivo é
que o gás expulse a água que está
na coluna e, com isso, a plataforma recupere a sua estabilidade.
Reichstul afirmou que a prioridade é estabilizar a plataforma para resgatar os corpos dos 10 trabalhadores desaparecidos. A Petrobras não acredita mais que haja
sobreviventes. "Eles pagaram
com suas próprias vidas para defender a segurança da plataforma,
dos nossos funcionários e dos
nossos terceirizados", disse.
Reichstul afirmou que os dez
trabalhadores pertenciam a duas
brigadas de incêndio e tinham a
obrigação de proteger os outros
funcionários.
A família de Sérgio dos Santos
Souza, uma das vítimas, no entanto, estava revoltada com o acidente e disse que os funcionários da
brigada de incêndio não estavam
preparados para a função.
"Meu irmão era mecânico. Essas brigadas são formadas por
trabalhadores que têm outras
funções na empresa. Tem eletricistas, operadores de tubulação. É
um absurdo. Eles são submetidos
a múltiplas funções e, num momento desse, de acidente, estão
cansados e sem o preparo adequado", disse Sandra Maria dos
Santos Souza, irmã da vítima.
O resgate dos dez trabalhadores
é dificultado porque todos os corpos, segundo a Petrobras, estão
confinados na coluna que explodiu e está inundada. Na noite de
anteontem, um grupo de mergulhadores foi à plataforma por
meio de um barco inflável.
"Nossa responsabilidade é reencontrar os corpos e entregá-los às
famílias, evitar um problema ambiental", disse Reichstul.
O coordenador regional do Ibama, no Rio, Carlos Henrique
Mendes, que também foi a Macaé,
disse que as plataformas da Petrobras não têm plano de emergência contra vazamento de óleo em
caso de colapso e afundamento.
Segundo ele, a Petrobras tem condições de recolher um possível vazamento em três horas.
Ontem, a empresa aumentou a
barreira de contenção de óleo de
1.200 m para 2.800 m. Se a mancha não for contida em 300 horas,
ela pode chegar ao litoral de Cabo
Frio e de Cabo de São Tomé.
Colaboraram Karine Rodrigues e Daniela Mendes, da Sucursal do Rio
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