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São Paulo, terça-feira, 18 de março de 2003

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PT X PT

Há dois dias, diretório nacional aprovou texto defendendo política econômica

Radicais dizem que não votarão a favor da autonomia do BC

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Dois dias após o diretório nacional do PT se definir pelo apoio unânime à política econômica do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda), a ala radical do partido deu sinais claros de que não pretende votar a favor de propostas que acham "inadmissíveis", entre elas, a que abre o caminho para a autonomia do Banco Central.
Os deputados Babá (PA) e Luciana Genro (RS) -alguns dos que criticam abertamente a política econômica do Planalto- afirmaram à Folha que não votam a favor da Proposta de Emenda à Constituição que altera o artigo 192 da Constituição (do sistema financeiro nacional) e, na prática, é o primeiro passo para discutir a atuação do BC.
"Já tenho a convicção de que não tenho condições de dar o meu voto favorável à autonomia do BC e à essa reforma da Previdência que estão ventilando por aí", disse Genro. "Não vou votar nenhuma medida que venha a atacar os trabalhadores. Essas medidas atingem minha consciência e isso [não votá-las devido a questões de consciência] está previsto no estatuto do partido", disse Babá.
Eles afirmam que vão reunir os descontentes para fechar uma posição conjunta da atitude que irão tomar quando o governo colocar a PEC em votação, o que pode ocorrer ainda nesta semana.
De autoria do petista Virgílio Guimarães (MG), a proposta é de trâmite prioritário e consta da revisão do acordo entre o Brasil e o Fundo Monetário Internacional.
A oposição que a atuação de Palocci enfrenta dentro do PT é um dos principais problemas políticos que o governo enfrenta nesses primeiros meses de mandato. No Senado, a principal voz deste grupo é a de Heloísa Helena (AL).

Punição
A direção do partido já afirmou que pretende punir com advertência ou mesmo com expulsão aqueles que não votarem de acordo com a decisão da maioria, que, no caso, apóia o governo.
Nelson Pellegrino (BA), líder da bancada na Câmara, disse ontem não admitir nem mesmo a falta dos deputados na votação da PEC. "A tradição da bancada é votar e aprovar a PEC, já que decidimos por isso em reunião. Ausências, só com justificação", disse.
A PEC foi debatida em uma reunião tensa da bancada ocorrida na semana passada. Depois de muita discussão, a proposta de aprovação do projeto foi a vencedora, por 40 votos a 20. O PT possui 92 deputados federais.


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