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PT X PT
Há dois dias, diretório nacional aprovou texto defendendo política econômica
Radicais dizem que não votarão a favor da autonomia do BC
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dois dias após o diretório nacional do PT se definir pelo apoio
unânime à política econômica do
ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda), a ala radical do partido
deu sinais claros de que não pretende votar a favor de propostas
que acham "inadmissíveis", entre
elas, a que abre o caminho para a
autonomia do Banco Central.
Os deputados Babá (PA) e Luciana Genro (RS) -alguns dos
que criticam abertamente a política econômica do Planalto- afirmaram à Folha que não votam a favor da Proposta de Emenda à
Constituição que altera o artigo
192 da Constituição (do sistema
financeiro nacional) e, na prática,
é o primeiro passo para discutir a
atuação do BC.
"Já tenho a convicção de que
não tenho condições de dar o meu
voto favorável à autonomia do BC
e à essa reforma da Previdência
que estão ventilando por aí", disse
Genro. "Não vou votar nenhuma
medida que venha a atacar os trabalhadores. Essas medidas atingem minha consciência e isso
[não votá-las devido a questões de
consciência] está previsto no estatuto do partido", disse Babá.
Eles afirmam que vão reunir os
descontentes para fechar uma posição conjunta da atitude que irão
tomar quando o governo colocar
a PEC em votação, o que pode
ocorrer ainda nesta semana.
De autoria do petista Virgílio
Guimarães (MG), a proposta é de
trâmite prioritário e consta da revisão do acordo entre o Brasil e o
Fundo Monetário Internacional.
A oposição que a atuação de Palocci enfrenta dentro do PT é um
dos principais problemas políticos que o governo enfrenta nesses
primeiros meses de mandato. No
Senado, a principal voz deste grupo é a de Heloísa Helena (AL).
Punição
A direção do partido já afirmou
que pretende punir com advertência ou mesmo com expulsão
aqueles que não votarem de acordo com a decisão da maioria, que,
no caso, apóia o governo.
Nelson Pellegrino (BA), líder da
bancada na Câmara, disse ontem
não admitir nem mesmo a falta
dos deputados na votação da
PEC. "A tradição da bancada é votar e aprovar a PEC, já que decidimos por isso em reunião. Ausências, só com justificação", disse.
A PEC foi debatida em uma reunião tensa da bancada ocorrida
na semana passada. Depois de
muita discussão, a proposta de
aprovação do projeto foi a vencedora, por 40 votos a 20. O PT possui 92 deputados federais.
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