São Paulo, quinta-feira, 18 de março de 2004

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ALÉM DAS GALERIAS

Mulher de Edivaldo Araújo, que ameaçou se jogar de galeria, espera "vaquinha" para pagar contas

Homem que parou Senado não vai para casa

ALESSANDRA MILANEZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após ameaçar pular das galerias para o plenário do Senado anteontem, Edivaldo de Lima Araújo não voltou para casa. Ele disse estar desesperado porque, desempregado há dois anos, não tem dinheiro para sustentar os filhos nem para comer.
Com a confusão, o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), teve de interromper a sessão. Araújo foi detido pelos seguranças e atendido pelo serviço médico do Senado e conversou com Sarney. Os senadores fizeram uma "vaquinha" para ele.
Araújo mora com a mulher, Ana Célia Pereira dos Santos, 26, e os quatro filhos dela (dois também são dele) em Cidade Ocidental (GO), município de 40 mil habitantes que fica no entorno de Brasília. Os seis vivem em uma casa com apenas três cômodos: um que serve de cozinha e sala, um quarto e um banheiro.
Ontem, Ana Célia afirmou à Folha que seu marido havia saído dizendo que ia ao Congresso e que "os políticos iam ter de ouvir sua história".
Ela conta que, na semana passada, encontrou uma carta no bolso da calça de Araújo na qual ele afirmava que ia matar a mulher, os filhos e a si próprio por desespero. A partir disso, Ana Célia resolveu escrever uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedindo ajuda. "Só quero duas coisas do senhor: uma casa e um trabalho para o meu marido", diz um trecho.
Ana Célia acabou não entregando a carta ao presidente e, por isso, o marido resolveu falar ele mesmo com os políticos.
Com o dinheiro que Araújo ganhou dos senadores, ela espera pagar as contas atrasadas -duas de água e duas de luz, que somam cerca de R$ 50- e comprar comida.
A família sobrevive com a ajuda de amigos e vizinhos. A única fonte de renda deles, segundo ela, é a pensão de R$ 120 dada pelo ex-marido, com a qual paga o aluguel da casa (R$ 80).
Ana Célia disse que, depois que o marido saiu de casa, anteontem, não teve mais notícias dele. Afirmou, porém, ter confiança de que ele voltaria. Segundo ela, Araújo afirmou que já esteve preso, mas não contou o motivo. Anteontem, ele disse aos senadores que tinha passagem na polícia por homicídio.


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