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ALÉM DAS GALERIAS
Mulher de Edivaldo Araújo, que ameaçou se jogar de galeria, espera "vaquinha" para pagar contas
Homem que parou Senado não vai para casa
ALESSANDRA MILANEZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após ameaçar pular das galerias para o plenário do Senado
anteontem, Edivaldo de Lima
Araújo não voltou para casa. Ele
disse estar desesperado porque,
desempregado há dois anos,
não tem dinheiro para sustentar
os filhos nem para comer.
Com a confusão, o presidente
da Casa, José Sarney (PMDB-AP), teve de interromper a sessão. Araújo foi detido pelos seguranças e atendido pelo serviço
médico do Senado e conversou
com Sarney. Os senadores fizeram uma "vaquinha" para ele.
Araújo mora com a mulher,
Ana Célia Pereira dos Santos, 26,
e os quatro filhos dela (dois também são dele) em Cidade Ocidental (GO), município de 40
mil habitantes que fica no entorno de Brasília. Os seis vivem em
uma casa com apenas três cômodos: um que serve de cozinha
e sala, um quarto e um banheiro.
Ontem, Ana Célia afirmou à
Folha que seu marido havia saído dizendo que ia ao Congresso
e que "os políticos iam ter de ouvir sua história".
Ela conta que, na semana passada, encontrou uma carta no
bolso da calça de Araújo na qual
ele afirmava que ia matar a mulher, os filhos e a si próprio por
desespero. A partir disso, Ana
Célia resolveu escrever uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula
da Silva pedindo ajuda. "Só quero duas coisas do senhor: uma
casa e um trabalho para o meu
marido", diz um trecho.
Ana Célia acabou não entregando a carta ao presidente e,
por isso, o marido resolveu falar
ele mesmo com os políticos.
Com o dinheiro que Araújo
ganhou dos senadores, ela espera pagar as contas atrasadas
-duas de água e duas de luz,
que somam cerca de R$ 50- e
comprar comida.
A família sobrevive com a ajuda de amigos e vizinhos. A única
fonte de renda deles, segundo
ela, é a pensão de R$ 120 dada
pelo ex-marido, com a qual paga
o aluguel da casa (R$ 80).
Ana Célia disse que, depois
que o marido saiu de casa, anteontem, não teve mais notícias
dele. Afirmou, porém, ter confiança de que ele voltaria. Segundo ela, Araújo afirmou que já esteve preso, mas não contou o
motivo. Anteontem, ele disse
aos senadores que tinha passagem na polícia por homicídio.
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