São Paulo, quinta-feira, 18 de março de 2004

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EM DISPUTA

PMDB quer participar das decisões do governo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em almoço com 19 dos 23 senadores do PMDB, ficou explícita a insatisfação do partido com o tratamento recebido do governo. Embora tenha dois ministros, o PMDB se queixa de não participar da formulação das decisões e de ser acionado pelo Palácio do Planalto só para apagar incêndios.
"O PMDB tem que ter acesso ao núcleo duro do governo", disse o líder da bancada, Renan Calheiros (AL), concordando com as reclamações dos senadores de que o partido não é consultado. O almoço aconteceu na casa de Renan.
Segundo um senador, avaliou-se que o PMDB está entre a cruz e a espada: se o partido deixar o governo, será responsabilizado por ameaçar a governabilidade, e, ficando, pagará o preço de eventuais erros. Por isso, o PMDB precisa participar mais das decisões, até para não ser surpreendido.
José Maranhão (PB), que é ex-governador, afirmou que o partido tem quadros experientes, que poderiam colaborar com experiências de gestão e propostas, mas não é chamado a opinar.
Um senador deu um exemplo da falta de entrosamento entre o PT e o PMDB: anteontem, houve reunião dos partidos do base governista com o ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política), e o PMDB nem foi avisado. Por causa da reunião, faltou quórum em comissões, e os peemedebistas não sabiam o paradeiro dos aliados.
Por outro lado, foi cobrado dos senadores que assumam o apoio ao governo. Segundo se avaliou no almoço, muitas vezes a imagem passada é que só Renan e o presidente do Senado, José Sarney (AP), defendem a adesão.
Os senadores constataram que a nova Executiva do partido, eleita no último domingo, é menos governista. Assim, os que defendem o apoio têm de ser mais unidos.
Renan relatou ter apresentado ao governo a proposta de formulação de um "código de conduta" dos partidos aliados. O objetivo seria evitar atitudes que abalem o governo, como as declarações do presidente do PL, deputado Valdemar Costa Neto (SP), pedindo a saída do ministro Antonio Palocci (Fazenda). (RAQUEL ULHÔA)

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