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Justiça suspende mandatos de 9 deputados de Alagoas
Esquema da Assembléia Legislativa teria desviado R$ 280 milhões desde 2001
Advogado que representa os deputados afirma que deve recorrer da decisão no STF ou no STJ; políticos não terão salários suspensos
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
A Justiça de Alagoas suspendeu ontem os mandatos de nove deputados estaduais indiciados pela Polícia Federal sob a
suspeita de participar de um esquema criminoso de desvio de
dinheiro público.
A decisão do desembargador
Antônio Sapucaia, do Tribunal
de Justiça de Alagoas, suspendeu o mandato dos deputados
até o final da "fase instrutória"
(não especifica se do inquérito
ou do processo), mas manteve o
pagamento dos subsídios. Mesmo afastados de seus cargos, os
deputados continuarão a receber R$ 9.635 mensais.
O desembargador justifica o
afastamento pela possibilidade
de haver comprometimento
das provas e pelo poder de coação que os deputados têm sobre
funcionários da Assembléia.
Sapucaia determinou também
a indisponibilidade dos bens
imóveis dos indiciados, para
eventuais ressarcimentos dos
prejuízos causados ao Estado.
Segundo a investigação, o esquema teria desviado R$ 280
milhões desde 2001.
Até o início da noite de ontem, a Assembléia disse que
ainda não havia sido notificada
oficialmente da decisão. A Folha não conseguiu falar com o
presidente interino da Casa, Alberto Sextafeira (PSB).
Segundo a PF, os deputados
indiciados se apropriaram indevidamente de salários e gratificações que deveriam ser pagos a servidores ou assessores,
fizeram empréstimos pessoais
que eram pagos com recursos
da Assembléia e fraudaram o
recolhimento de Imposto de
Renda. Os deputados negam
participar do suposto esquema.
O pedido de afastamento foi
apresentado pelo procurador-geral de Justiça de Alagoas,
Coaracy Fonseca, em uma ação
cautelar contra os dez deputados inicialmente indiciados.
Em primeira instância, o juiz
Gustavo Souza Lima havia determinado só o afastamento
dos deputados indiciados de
seus cargos na Mesa Diretora.
No final de fevereiro, Fonseca recorreu da decisão, acrescentando novas provas à ação.
Durante a tramitação do recurso, seis dos 11 desembargadores do Tribunal de Justiça se
declararam impedidos de julgar o recurso devido a ligações
familiares com os indiciados.
Os deputados afastados são o
ex-presidente da Assembléia
Antônio Albuquerque (DEM),
apontado como o líder da organização criminosa, Cícero
Amélio (PMN), Nelito Gomes
de Barros (PMN), Edival Gaia
Filho (PSDB), Maurício Tavares (PTB), Dudu Albuquerque
(PSB), Arthur Lira (PMN), Cícero Ferro (PMN) e Isnaldo
Bulhões Júnior (PMN). A decisão atinge também o ex-deputado Antônio Hollanda (PT do
B), cujo mandato foi cassado
em janeiro, após o pedido de
afastamento ter sido proposto.
Posteriormente, a PF indiciou os deputados João Beltrão
(PMN) e Marcos Ferreira
(PMN), que não foram atingidos pela decisão de ontem.
O advogado Adelmo Cabral,
que representa os deputados,
disse que deve recorrer no Supremo Tribunal Federal ou no
Superior Tribunal de Justiça.
Segundo ele, uma possibilidade
é alegar a inconstitucionalidade da decisão ou a incompetência do TJ para julgar o caso. Para Cabral, com mais de metade
da corte impedida, o caso deveria ter sido remetido ao STF.
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