São Paulo, Quinta-feira, 18 de Março de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SALÁRIO MÍNIMO
Relato de líderes é contestado por porta-voz da Presidência
Tucanos pedem reajuste do mínimo entre 4% e 6%

da Sucursal de Brasília

Líderes do PSDB reunidos ontem com o presidente Fernando Henrique Cardoso defenderam um reajuste entre 4% e 6% para o salário mínimo -que poderia passar de R$ 130 para algo entre R$ 135,20 e R$ 137,80. Os tucanos pediram a reposição da inflação acumulada entre 1º de maio de 98 (data do último reajuste do mínimo) e 31 de abril deste ano.
Depois de o PMDB ter defendido a reposição salarial, o PSDB e o PFL -partidos que também integram a base do governo- também resolveram reivindicar aumento para o salário mínimo, que deve ser decidido até 1º de maio.
O PFL diz que, se a inflação acumulada até abril atingir 10%, é preciso analisar a possibilidade de um reajuste do mínimo nesse percentual.
O líder do PSDB na Câmara, Aécio Neves (MG), e o do governo, Arnaldo Madeira (PSDB-SP), afirmaram, após a reunião de ontem,que o presidente Fernando Henrique Cardoso disse que o reajuste do salário mínimo é justo e prometeu estudar o impacto do aumento nas contas da Previdência e dos municípios.
O porta-voz adjunto da Presidência da República, Georges Lamazière, no entanto, declarou que Aécio telefonou a FHC para negar que tivesse dito que os dois trataram de reajuste de salário mínimo na conversa. "O presidente não falou desse assunto. Não é o momento", disse Lamazière.
O anúncio da reivindicação tucana foi feito por Aécio em entrevista na Câmara no final da manhã. "O reajuste é só para o salário mínimo, cujo valor não é negociado, mas definido pelo governo. Em relação aos outros níveis salariais, há negociação pelos trabalhadores", afirmou.
"O caminho é a reposição das perdas dos últimos 12 meses, mas ainda não há essa decisão por parte do governo", completou Aécio, sobre o salário mínimo. Segundo o deputado, o aumento deve ser de "4% a 6%, índice que acho que é o limite".
Um aumento de 6% representaria um aumento nos gastos da Previdência Social de R$ 900 milhões. Do número total de benefícios, 64,5% são equivalentes ao mínimo. O aumento pesaria ainda nas contas de Estados e municípios.
Para os líderes tucanos, o governo tem o dever constitucional de manter o poder de compra do salário mínimo. Anteontem, os dois haviam criticado a decisão do PMDB de defender reposição de perdas salariais a partir do reajuste do salário mínimo.
O líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), disse que o partido é a favor do reajuste dos salários proporcionalmente aos índices de inflação. "Vamos ver como será a inflação de março e de abril para o partido se pronunciar", afirmou. O pefelista chegou a dizer que é preciso ver se a inflação chegará a atingir 10%, para que então definir o valor do novo mínimo.
Ao ser questionado se esse poderia ser o percentual de reajuste, Inocêncio disse que, dependendo da inflação, sim.


Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Petistas defendem indexação salarial
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.