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Petistas defendem indexação salarial
DANIEL BRAMATTI
da Sucursal de Brasília
A cúpula do PT, reunida ontem
em Brasília, unificou o discurso a
favor da reposição da inflação nos
salários e deixou em situação delicada os governadores do partido,
que não têm condições de conceder reajustes aos servidores.
Os petistas também cobraram o
engajamento dos governadores a
uma série de mobilizações contra a
política econômica. A maratona de
protestos começa no dia 26 de
março, com manifestações em todas as capitais.
Depois haverá um ato em Ouro
Preto (MG), no dia 21 de abril, e
novas manifestações no dia 1º de
maio. Um grande ato público, ainda sem data marcada, deve acontecer em Porto Alegre, reunindo todos os partidos de oposição.
"Pela lei, os Estados não podem
gastar mais de 60% da receita com
servidores. O Acre já gasta 70%.
Como vou fazer?", afirmou o petista Jorge Viana, ao comentar a possibilidade de conceder reajustes.
O governador de Mato Grosso do
Sul, Zeca do PT, disse que eventuais aumentos de salários abrirão
"uma nova pauta de renegociação
com o governo federal".
Zeca do PT lembrou que, em seu
Estado, os servidores estão com
três meses e meio de salários atrasados.
O gaúcho Olívio Dutra, que também participou da reunião, saiu
antes do término e não falou sobre
mudanças na política salarial.
Apesar de citar os entraves para
conceder reajustes, Zeca do PT e
Viana disseram que o partido está
certo ao defender a reposição.
"Todos sabem que a inflação vai
subir. É lógico que isso vai levar a
uma discussão sobre a proteção
aos salários", afirmou Viana.
O presidente nacional do PT, José Dirceu, minimizou a importância do impacto de reajustes nas
contas dos Estados. "Não será por
causa dos governadores que deixaremos de defender aumento para o
salário mínimo", disse.
Dirceu afirmou ainda que os servidores estaduais não farão pressões por aumentos salariais. "Eles
querem é manter seus empregos.
Todos os governadores estão demitindo, menos os do PT."
Ao contrário de Luiz Inácio Lula
da Silva, o presidente do partido
evitou defender abertamente a
criação de um gatilho salarial, que
concederia um reajuste automático sempre que a inflação atingisse
determinado nível.
'"A forma (de repor perdas) nós
temos de ver depois. O importante
é mudar a política econômica",
afirmou Dirceu.
Lula foi enfático na defesa do gatilho: "Defendo que os trabalhadores tenham reajuste integral da inflação. Se a inflação voltou, a culpa
não é dos salários. A responsabilidade é do governo, que não fez o
ajuste cambial quando deveria".
Lula defendeu a continuidade
das negociações entre os governadores petistas e o governo federal
sobre as dívidas dos Estados, desde
que haja resultados práticos.
"Foi o governo quem propôs as
reuniões. Se elas não funcionarem,
não há porque continuar participando. Até agora, só houve conversa jogada fora", afirmou.
Olívio Dutra também criticou a
"lentidão" do governo.
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