São Paulo, Quinta-feira, 18 de Março de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Petistas defendem indexação salarial

DANIEL BRAMATTI
da Sucursal de Brasília

A cúpula do PT, reunida ontem em Brasília, unificou o discurso a favor da reposição da inflação nos salários e deixou em situação delicada os governadores do partido, que não têm condições de conceder reajustes aos servidores.
Os petistas também cobraram o engajamento dos governadores a uma série de mobilizações contra a política econômica. A maratona de protestos começa no dia 26 de março, com manifestações em todas as capitais.
Depois haverá um ato em Ouro Preto (MG), no dia 21 de abril, e novas manifestações no dia 1º de maio. Um grande ato público, ainda sem data marcada, deve acontecer em Porto Alegre, reunindo todos os partidos de oposição.
"Pela lei, os Estados não podem gastar mais de 60% da receita com servidores. O Acre já gasta 70%. Como vou fazer?", afirmou o petista Jorge Viana, ao comentar a possibilidade de conceder reajustes.
O governador de Mato Grosso do Sul, Zeca do PT, disse que eventuais aumentos de salários abrirão "uma nova pauta de renegociação com o governo federal".
Zeca do PT lembrou que, em seu Estado, os servidores estão com três meses e meio de salários atrasados.
O gaúcho Olívio Dutra, que também participou da reunião, saiu antes do término e não falou sobre mudanças na política salarial.
Apesar de citar os entraves para conceder reajustes, Zeca do PT e Viana disseram que o partido está certo ao defender a reposição.
"Todos sabem que a inflação vai subir. É lógico que isso vai levar a uma discussão sobre a proteção aos salários", afirmou Viana.
O presidente nacional do PT, José Dirceu, minimizou a importância do impacto de reajustes nas contas dos Estados. "Não será por causa dos governadores que deixaremos de defender aumento para o salário mínimo", disse.
Dirceu afirmou ainda que os servidores estaduais não farão pressões por aumentos salariais. "Eles querem é manter seus empregos. Todos os governadores estão demitindo, menos os do PT."
Ao contrário de Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do partido evitou defender abertamente a criação de um gatilho salarial, que concederia um reajuste automático sempre que a inflação atingisse determinado nível.
'"A forma (de repor perdas) nós temos de ver depois. O importante é mudar a política econômica", afirmou Dirceu.
Lula foi enfático na defesa do gatilho: "Defendo que os trabalhadores tenham reajuste integral da inflação. Se a inflação voltou, a culpa não é dos salários. A responsabilidade é do governo, que não fez o ajuste cambial quando deveria".
Lula defendeu a continuidade das negociações entre os governadores petistas e o governo federal sobre as dívidas dos Estados, desde que haja resultados práticos.
"Foi o governo quem propôs as reuniões. Se elas não funcionarem, não há porque continuar participando. Até agora, só houve conversa jogada fora", afirmou.
Olívio Dutra também criticou a "lentidão" do governo.


Texto Anterior: Tucanos pedem reajuste do mínimo entre 4% e 6%
Próximo Texto: Economista deve comandar Petrobrás
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.