São Paulo, Quinta-feira, 18 de Março de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GASTOS PÚBLICOS
Como levou 8 pessoas a Fernando de Noronha, ministro dispensou aeronave normal e requisitou um Brasília
Carvalho trocou jatinho por avião maior

WILLIAM FRANÇA
da Sucursal de Brasília

O ministro-chefe da Casa Civil, Clóvis Carvalho, 60, usou um avião Brasília Vip, de 12 lugares, para passear durante sete dias no Carnaval em Fernando de Noronha, entre 12 e 19 de fevereiro.
Isso porque sua comitiva era composta por oito pessoas e não cabia nos aviões normalmente destinados aos ministros para viagens oficiais.
Ontem, após dois dias de pedidos seguidos, a assessoria do ministro Clóvis Carvalho informou que ele não iria se pronunciar sobre o caso.
Carvalho não pôde utilizar os aviões do GTE (Grupo de Transporte Especial) da Força Aérea Brasileira (FAB), conforme prevê a legislação. O GTE só possui aviões dos modelos Learjet, que transporta até cinco pessoas, e HS-125, que transporta até sete passageiros.
Como ele viajou acompanhado da mulher, Gemma, de cinco filhos, pelo namorado da filha caçula e pela namorada de um dos filhos, foi necessário usar o Brasília.
Em Fernando de Noronha, ele ficou hospedado com a família na melhor casa da ilha, que coincidentemente é da Aeronáutica.
O Brasília Vip é um turboélice do 6º ETA (Esquadrão de Transporte Aéreo), sediado em Brasília. Segundo o Ministério da Aeronáutica, o ETA tem como finalidade o transporte de pessoas e de cargas em aeroportos com maiores dificuldades de pouso ou no caso de missões oficiais com grande número de passageiros.
De acordo com a legislação que regula o GTE, são os seus aviões os destinados ao transporte do presidente da República, do vice-presidente e de ministros de Estado, ou por outras autoridades autorizadas por eles. O ETA pode ceder aviões em missões especiais.
Caso o ministro fosse custear a viagem das nove pessoas para Fernando de Noronha em avião de carreira, teria desembolsado cerca de R$ 10.500, segundo a Folha apurou com base em tabelas fornecidas pelas empresas aéreas. Se tivesse pago as meias diárias nas pousadas da ilha, que não tem hotel, gastaria mais R$ 4.100
Oficialmente chamada de "hotel de trânsito de oficiais", a casa ocupada por Clóvis fica situada num ponto nobre da ilha, cercada por mata nativa, tem dois pavimentos com quatro suítes, amplas salas e varandas com vista panorâmica.
A Folha apurou que Clóvis Carvalho usou ainda os serviços do pessoal da Aeronáutica, como taifeiros e seguranças. Não foi informado se ele custeou as despesas com a alimentação e com o transporte na ilha.


Texto Anterior: Economista deve comandar Petrobrás
Próximo Texto: Em sigilo, ACM acaba com "Senadinho" no RJ
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.