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GASTOS PÚBLICOS
Como levou 8 pessoas a Fernando de Noronha, ministro dispensou aeronave normal e requisitou um Brasília
Carvalho trocou jatinho por avião maior
WILLIAM FRANÇA
da Sucursal de Brasília
O ministro-chefe da Casa Civil,
Clóvis Carvalho, 60, usou um avião
Brasília Vip, de 12 lugares, para
passear durante sete dias no Carnaval em Fernando de Noronha,
entre 12 e 19 de fevereiro.
Isso porque sua comitiva era
composta por oito pessoas e não
cabia nos aviões normalmente
destinados aos ministros para viagens oficiais.
Ontem, após dois dias de pedidos seguidos, a assessoria do ministro Clóvis Carvalho informou
que ele não iria se pronunciar sobre o caso.
Carvalho não pôde utilizar os
aviões do GTE (Grupo de Transporte Especial) da Força Aérea
Brasileira (FAB), conforme prevê a
legislação. O GTE só possui aviões
dos modelos Learjet, que transporta até cinco pessoas, e HS-125, que
transporta até sete passageiros.
Como ele viajou acompanhado
da mulher, Gemma, de cinco filhos, pelo namorado da filha caçula e pela namorada de um dos filhos, foi necessário usar o Brasília.
Em Fernando de Noronha, ele ficou hospedado com a família na
melhor casa da ilha, que coincidentemente é da Aeronáutica.
O Brasília Vip é um turboélice do
6º ETA (Esquadrão de Transporte
Aéreo), sediado em Brasília. Segundo o Ministério da Aeronáutica, o ETA tem como finalidade o
transporte de pessoas e de cargas
em aeroportos com maiores dificuldades de pouso ou no caso de
missões oficiais com grande número de passageiros.
De acordo com a legislação que
regula o GTE, são os seus aviões os
destinados ao transporte do presidente da República, do vice-presidente e de ministros de Estado, ou
por outras autoridades autorizadas por eles. O ETA pode ceder
aviões em missões especiais.
Caso o ministro fosse custear a
viagem das nove pessoas para Fernando de Noronha em avião de
carreira, teria desembolsado cerca
de R$ 10.500, segundo a Folha apurou com base em tabelas fornecidas pelas empresas aéreas. Se tivesse pago as meias diárias nas
pousadas da ilha, que não tem hotel, gastaria mais R$ 4.100
Oficialmente chamada de "hotel
de trânsito de oficiais", a casa ocupada por Clóvis fica situada num
ponto nobre da ilha, cercada por
mata nativa, tem dois pavimentos
com quatro suítes, amplas salas e
varandas com vista panorâmica.
A Folha apurou que Clóvis Carvalho usou ainda os serviços do
pessoal da Aeronáutica, como taifeiros e seguranças. Não foi informado se ele custeou as despesas
com a alimentação e com o transporte na ilha.
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