São Paulo, Quinta-feira, 18 de Março de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CONGRESSO
Ação de aliado contraria os planos do governo
Temer prioriza a reforma tributária

da Sucursal de Brasília

O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), decidiu dar prioridade à votação da reforma tributária, contrariando o presidente Fernando Henrique Cardoso, que quer antecipar a tramitação da reforma política na Câmara.
"Se eu perguntar a um cidadão o que ele acha da cláusula de barreira, vai pensar que eu não sou desse planeta. Se perguntar a respeito do tributo que paga, certamente haverá uma resposta pronta e imediata desse cidadão", disse Temer.
Cláusula de barreira é um dos itens da reforma política que limita a representação de pequenos partidos. O anúncio foi feito em discurso no plenário da Câmara, aplaudido por deputados de diferentes partidos.
"O PMDB assumiu a presidência da Câmara com dois anos de atraso", afirmou o deputado Marcelo Déda (PT-SP). Temer preside a Câmara desde 1997. Parlamentares, principalmente de oposição, consideram que o mandato de Temer é marcado pela submissão ao Executivo.
"Verifico que se pretende priorizar a reforma política. Acho-a fundamental, mas não é a única das reformas que esta Casa conduzirá", disse Temer. Ele afirmou que irá promover debates com secretários da Fazenda, governadores e setores produtivos sobre o projeto de reforma tributária.
Temer marcou para a próxima terça-feira a instalação da comissão especial da reforma tributária. Líderes governistas e de oposição apoiaram a decisão de Temer.
Coube ao líder do PSDB, Aécio Neves (MG), defender a urgência para a votação da reforma política. "Não estabeleço prioridade. Ambas (reformas tributária e política) são necessárias e urgentes. Não concordo que a reforma política atinja apenas a classe política. Não haverá estabilidade econômica se são houver estabilidade política."
O presidente da Câmara anunciou também prioridade para a reforma do Poder Judiciário. A comissão especial será instalada na próxima semana. Temer defendeu a votação do projeto que limita a edição de medidas provisórias, mas não falou em prazo.
O porta-voz-adjunto da Presidência, Georges Lamazière, disse ontem que as reformas política e tributária podem ser tocadas conjuntamente. "Não há oposição em termos de tempo, nem de prioridade. Uma não prejudica a outra."

CPMF
FHC reúne hoje pela manhã a bancada do PMDB de Minas Gerais na Câmara para tentar evitar dissidências na votação do segundo turno na emenda que recria a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), marcada para o período da tarde.
Parte do PMDB de Minas Gerais segue a orientação do governador Itamar Franco (PMDB-MG), contrária à proposta.


Texto Anterior: Governo adia privatização da Eletrobrás
Próximo Texto: No ar - Nelson de Sá: Dois dossiês
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.