São Paulo, Quinta-feira, 18 de Março de 1999
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ESTATAIS
Assembléia geral de acionistas para cisão da empresa, prevista para o dia 30, não tem nova data marcada
Governo adia privatização da Eletrobrás

FERNANDO GODINHO
da Sucursal de Brasília

A privatização da Eletrobrás, prevista para agosto deste ano, vai sofrer atrasos.
O Ministério de Minas e Energia anunciou, no início da noite de ontem, o adiamento da assembléia geral de acionistas da estatal, convocada para separar a Eletrobrás em ativos de geração e de transmissão.
A assembléia estava prevista para o próximo dia 30. A nova data ainda não foi marcada.
Realizada a cisão, apenas as empresas de geração serão vendidas, em um primeiro momento. A União ficará com os ativos de transmissão, que serão privatizados posteriormente.
Com a venda das seis empresas de geração que deverão ser criadas pela cisão da Eletrobrás, o governo federal pretende arrecadar cerca de US$ 8 bilhões, conforme estimativa feita pelo Conselho Nacional de Desestatização. É a prioridade do programa de privatização neste ano.
A privatização da Vale do Rio Doce rendeu US$ 3,3 bilhões aos cofres do governo
A nota oficial do Ministério de Minas e Energia informa que "algumas etapas" referentes à cisão da Eletrobrás "não foram cumpridas a tempo de ser apreciadas pelos acionistas", por causa da "complexidade dos trabalhos".
A Folha apurou que há pressões políticas contra a privatização da Eletrobrás.
No caso da Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco), subsidiária da Eletrobrás que deverá ser separada em três empresas de geração, parlamentares governistas e de oposição estão reclamando da falta de mecanismos que regulamentem e controlem o uso da água do rio.
Sem essa regulamentação, a população que mora em regiões próximas ao São Francisco pode ser prejudicada, pois há escassez de água nessas localidades.
Em relação à privatização da Eletronorte (Centrais Elétricas do Norte do Brasil), outra subsidiária da Eletrobrás que será cindida em uma empresa de geração, há críticas sobre a dependência do sistema em relação à usina de Tucuruí -cuja privatização está prevista pelo CND.
A Eletronorte possui outros quatro sistemas (Manaus, Acre/Rondônia, Roraima e Amapá), que dependem financeiramente de Tucuruí. A venda isolada da usina poderia inviabilizar toda a subsidiária da Eletrobrás, segundo as argumentações feitas ao Ministério de Minas e Energia.
O sistema de Furnas, que deverá ser separado em duas empresas de geração, não está sendo alvo de críticas, conforme a Folha apurou.
O ministro Rodolpho Tourinho (Minas e Energia) e o presidente da Eletrobrás, Firmino Sampaio, serão convocados pelo Senado para explicar a política governamental para o setor.


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