São Paulo, sábado, 18 de abril de 1998

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Jungmann divulga dados de violência contra fazendeiros

ABNOR GONDIM
da Sucursal de Brasília

O ministro Raul Jungmann (Política Fundiária) divulgou ontem levantamento sobre violência no campo que, pela primeira vez, inclui violência supostamente praticada por sem-terra contra fazendeiros e seus empregados.
Segundo a pesquisa, de março de 97 a março de 98 foram assassinados quatro fazendeiros e empregados, e 12 sofreram tentativas de assassinato. "A corda sempre arrebenta no ponto mais fraco, que é o dos trabalhadores rurais. Mas é preciso mostrar a violência que atinge os fazendeiros, que também têm direitos humanos."
A violência contra fazendeiros foi colocada no levantamento para ser confrontada com a lista da CPT (Comissão Pastoral da Terra), ligada à Igreja Católica, que cita mortes de trabalhadores rurais e aliados em disputa de terra.
Elaborado pelo Núcleo de Estudos Agrários e de Desenvolvimento do ministério, o levantamento cita o assassinato de Jorge Gonçalves, ex-gerente da fazenda Abaeté, em Eldorado do Carajás (sudeste do Pará), onde ocorreu, há dois anos, a chacina de 19 sem-terra pela Polícia Militar.
A impunidade dos PMs envolvidos na chacina é motivo dos protestos promovidos em vários Estados pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Em Brasília, segundo a PM, cerca de 800 pessoas fizeram passeata na Esplanada dos Ministérios, carregando 22 caixões para simbolizar as 19 mortes em Carajás, mais as dos dois líderes do MST assassinados em março em Parauapebas (sudeste do Pará) e a do índio pataxó queimado em Brasília em 97.
Segundo Jungmann, nos últimos dois anos "os conflitos aumentaram por causa do aumento da demanda por terra, mas a violência com mortes diminuiu". Houve 39 mortes, o menor número registrado desde 87.



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