São Paulo, Domingo, 18 de Abril de 1999
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PAINEL

Mãos atadas

Na guerra das CPIs, ACM levou a pior. Ao apostar tudo na CPI do Judiciário, avalia-se no próprio PFL, o baiano perdeu condições de operar para o Planalto na dos Bancos, que é a que de fato incomoda o governo.


Faroeste caboclo

Aposta suprapartidária: Chico Lopes, que não é de fazer haraquiri, deve cair atirando em seu depoimento na CPI dos Bancos. O mínimo que os senadores esperam é que diga que o socorro ao Marka e ao FonteCindam foi uma decisão colegiada do BC.

Fugindo da raia

Partido com fortes relações na área financeira, o PFL foi cobrado pela banca por haver deixado passar a CPI dos Bancos. Caciques pefelistas se esquivaram, atribuindo a responsabilidade a ACM, que viabilizou a comissão de Jader Barbalho ao jogar pesado para investigar o Judiciário.

Esfriando a cabeça

O tucano Carlos Wilson (PE) se queixou a Jorge Bornhausen (PFL-SC) de ter de ficar em Brasília, trabalhando na CPI do Judiciário. O pefelista tripudiou: "Enquanto você fica na CPI, eu vou para Madri". Na volta, mata as saudades de Lisboa.

Objetivos diversos

Enquanto ACM só instigava o Judiciário, FHC adorou. Interessava a ele uma Justiça acuada para tratar de reposição salarial e da contribuição dos inativos. O presidente pôs o pé no freio quando a CPI delineou a ameaça de um confronto de poderes.

Ponto a favor

Relator da CPI dos Bancos, João Alberto (PMDB-MA) era deputado do PDS quando a Câmara rejeitou a emenda das Diretas Já em 1984. Mas votou a favor, contra a orientação do partido presidido por Sarney.

Correndo atrás

A Justiça de Brasília fará plantões de 24 horas, a partir de maio. Haverá juiz, delegado, peritos, promotores e defensores públicos para atender às demandas da sociedade. Os juízes não admitem, mas é reflexo da CPI.

Dono da bola

Líder do PMDB, Geddel Vieira Lima quer avocar para si a relatoria do projeto da Lei de Responsabilidade Fiscal, que estabelece critérios para os gastos dos Estados e municípios com Legislativo e Judiciário e obriga o uso da receita de privatizações no pagamento de dívidas.

Confusão à vista

Os governadores apóiam a determinação do limite do gasto estadual com Legislativo e Judiciário, mas não aceitam vincular privatizações ao pagamento de dívidas. Caciques do PMDB deixam claro que o partido ouvirá governadores e prefeitos, e não apenas o governo federal.

Brecha jurídica

Itamar Franco descobriu no contrato de renegociação das dívidas estaduais com a União duas cláusulas que, avalia, invalidam o acordo. Dizem que o trato só tem valor se o Estado estiver adequado a Lei Camata e que não pode despender mais com juros do que com investimentos.

Buscando aliados

Auxiliares de Itamar têm consultado governadores de outros Estados para tentar uma contestação em bloco do acordo de renegociação das dívidas. Mesmo que juridicamente não consigam nada, teriam mais um argumento para pressionar FHC.

Ninguém se entende

Pesou o clima entre os auditores do Banco Central e a Polícia Federal durante o depoimento de Chico Lopes. Os auditores suspeitavam que a PF invadiu a casa do economista para constrangê-lo durante o depoimento. Errado: quem ordenou a invasão foi o Ministério Público.

Batalha paulistana

O PTB também fechou contra o impeachment já de Celso Pitta em São Paulo. Líder na Assembléia, Campos Machado diz que a cassação de Pitta interessa apenas a Maluf, que esperaria com isso se livrar das responsabilidades pela situação da cidade.

E-mail:painel@uol.com.br

TIROTEIO

Do deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), sobre o discurso de quarta em que o líder tucano Aécio Neves tentou contrapor a ""agenda positiva" do PSDB às CPIs dos Bancos e do Judiciário, pedidas por PMDB e PFL:
- A decisão do Michel Temer, de derrubar a manobra da oposição para instalar a CPI dos Bancos na Câmara vale por mais de mil discursos do Aécio.

CONTRAPONTO
Conceição sem censura
Em recente encontro do PT, a ex-deputada Maria da Conceição Tavares dedicou-se ao seu esporte predileto: bater.
Bateu em FHC, nos ministros, na política econômica, sobrou até para a oposição e para os governadores do PT.
Talvez por não lembrar os nomes dos governadores petistas, Conceição foi cunhando apelidos para cada um deles. Ao falar sobre Olívio Dutra (RS), tascou:
- O índio bigodudo lá do Rio Grande do Sul!
Depois, Zeca do PT (MS):
- O Zeca Boiadeiro, aquele que administra 20 milhões de cabeças de boi!
Em relação ao governador do Acre, Conceição sapecou:
- E o Jorge Viana, aquele menino que administra aquela ONG.
Um dos presentes protestou:
- O Jorge Viana administra o Acre!
Conceição não se deu por vencida:
- E o que é o Acre? Uma ONG!


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