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Incra investiga contratos com 1.300 técnicos
ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Incra irá investigar em 30
dias os contratos de assistência
técnica com 1.300 técnicos para
cancelar os profissionais ligados ao desvio de verbas da reforma agrária para o pagamento de "pedágio" ao MST.
A apuração de desvios de recursos da reforma agrária envolverá também 23 das 25 prefeituras do interior da Bahia
encarregadas de fazer obras de
infra-estrutura em assentamentos rurais. Elas são acusadas de desviar R$ 4,8 milhões.
A Coagri, do Centro-Oeste do
Paraná, e a Coocamp, ligada ao
líder do MST José Rainha Jr.,
integram a lista das cinco primeiras cooperativas que serão
investigadas pela Secretaria Federal de Controle, do Ministério da Fazenda. Ao todo, a auditoria atingirá 70 cooperativas
que receberam de R$ 1 milhão a
R$ 15 milhões.
Além dessas medidas, foi
anunciado ontem o cancelamento do contrato da técnica
Cláudia Cisotto, contratada para assistir assentados em Bituruna, no Paraná. A Folha apurou que ela recebeu cheque da
empresa Contracam relativo a
3% do "pedágio". A técnica recebeu o dinheiro porque atuava também como tesoureira de
associação dos assentados no
município de Bituruna.
"O contrato dela foi cancelado sumariamente por estar
comprovado que ela atuava no
desvio de recursos", disse o
presidente do Incra, Orlando
Muniz. A Coagri será investigada em razão de reter o "pedágio" de 3% do Pronaf, crédito
subsidiado do governo destinado aos assentados em projetos de reforma agrária. O dinheiro deveria ser entregue totalmente aos assentados.
Segundo Muniz, a Coagri administrou cerca de R$ 15 milhões desde os anos 90 em créditos destinados ao assentados
sob o controle do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Com relação à
Coocamp, as denúncias envolvem a emissão de recibos frios
e superfaturamento na avaliação de uma farinheira cuja
compra, proposta pela entidade, foi rejeitada pelo Incra.
Em relação à Bahia, as prefeituras suspeitas terão prazo até
3 de junho para justificar por
que não executaram as obras
previstas em convênios firmados em 97 e 98 com o Incra, no
valor total de R$ 12 milhões.
Lauro Vasconcelos, auditor
de Controle Externo do Ministério do Desenvolvimento
Agrário, disse que não existem
estimativas sobre quantas prefeituras estariam envolvidas
em desvios de recursos. Ele não
quis revelar a relação das prefeituras que também estão sendo investigadas na Bahia.
O secretário nacional de
Agricultura Familiar, Nelson
Borges, disse que os bancos
responsáveis pela liberação de
crédito subsidiado deverão assumir a tarefa fiscalizar a aplicação dos recursos.
Proposta apresentada pelo
ministro Raul Jungmann prevê
a aprovação de medida pelo
Conselho Monetário Nacional
para reduzir de 100% para 70%
a cobertura oferecida pelo Tesouro aos empréstimos concedidos aos sem-terra.
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