São Paulo, Terça-feira, 18 de Maio de 1999
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PAINEL

Conflito de Poderes

A Câmara não aceita a interpretação do governo de que é preciso combinar tempo de contribuição e idade mínima para aposentadoria. ""É uma crueldade com o trabalhador, pois não foi a vontade do legislador (da reforma da Previdência)", diz Temer, presidente da Casa.

É mais do que cruel

Na reforma da Previdência, definiu-se que o homem precisaria de 35 anos de contribuição (30 para mulher) ou idade mínima de 65 anos (60 para mulher). O governo exige os dois quesitos para conceder aposentadorias. Resultado: muita gente não tem se aposentado. Agora, pretende pedir mínimo de 48 anos para mulher e de 53 anos para homem enquanto propõe uma nova lei.

Censura explícita

A Justiça cearense costuma tratar Tasso como a da Bahia trata ACM. Mas o desembargador Raimundo Hélio de Paiva Castro exagerou. Em liminar ao PSDB, determinou que o PT ""se abstenha" de fazer ""qualquer alusão ao governador do Estado".

Bateu duro

Frase do discurso de Covas mais lembrada pelos tucanos: ""O apoio a FHC não depende de um ponto de pesquisa, mas de um traço de caráter". É recado para o PFL e o PMDB, que ameaçam se desgrudar do presidente sempre que ele cai nas pesquisas.

O carimbo colou

Os tucanos vão precisar de mais do que meia dúzia de discursos de convenção para desfazer a imagem de pefelização do governo FHC. Ontem, despacho da agência France Presse sobre a reunião do PSDB dizia que o presidente era do PFL e classificava o PSDB de partido de ""direita".

Reprise enfadonha 1

O Planalto concluiu que a hora é boa para refazer as pontes com Itamar. Já há bombeiro atuando.

Reprise enfadonha 2

FHC, em almoço ontem com o ministro Carlos Velloso, confirmou sua presença na posse do novo presidente do STF, no dia 27. Ao saber que o governador de Minas também irá, disse: ""Eu gostaria que o presidente Itamar tomasse um cafezinho comigo".

Passo atrás

FHC tentou emplacar Goldman (SP) na secretaria geral do PSDB. Recuou por pressão da bancada do Rio, que não tem ministro e fez Márcio Fortes. Pior para Ronaldo Cezar Coelho (RJ), quem o presidente queria nomear líder no Congresso. A vaga será de Arthur Virgílio (AM).

Fio de esperança

Atrás de oxigênio, a CPI dos Bancos aposta suas fichas em Everardo Maciel (Receita Federal), que sabe de cor os esquemas de sonegação e de lavagem de dinheiro. A expectativa é que Maciel funcione para a comissão como o Banco Central funcionou para a CPI dos Precatórios.

Boas relações

No bastidor de Brasília, consta que Eduardo Jorge (ex-Secretaria Geral) atuou com o hoje senador Luiz Estevão na liberação de verbas para a obra do fórum trabalhista de SP, atendendo a pressão da empreiteira Incal e do juiz Nicolau, ex-presidente do TRT-SP. Jorge apoiou o PMDB de Estevão na eleição de 98.

Hora da xepa

É o PMDB, e não o PFL, que está se aproveitando do declínio malufista em São Paulo. A reunião de Ricardo Izar com Michel Temer no sábado estava cheia de pepebistas. Amanhã, Izar anuncia a ida para o PMDB. Dois deputados estaduais e dois vereadores devem acompanhá-lo.

Pente fino

Cumprindo ordem da FGV do Rio, a Price Waterhouse está fazendo uma auditoria extraordinária na FGV de São Paulo. Checa métodos administrativos e gestão dos recursos da escola. No Rio, um processo parecido já resultou em duas demissões.

Visita à Folha

Jorge da Cunha Lima, diretor-presidente da Fundação Padre Anchieta, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Também visitaram o jornal Antonio Kandir, deputado federal do PSDB paulista, e Claudio Lembo, reitor da Universidade Mackenzie e presidente do PFL do Estado de São Paulo.

TIROTEIO

Do deputado João Paulo (PT), sobre Mendonção ter sido eleito vice-presidente da Executiva do PSDB para política econômica:
- Agora, só falta os tucanos chamarem a Link (corretora de filhos do ex-ministro, a 6ª que mais operou na BM&F em janeiro), para administrar o fundo partidário.

CONTRAPONTO
Eu quero é mais

No último sábado, na convenção do PSDB, que se realizou em Brasília, os tucanos Tasso Jereissati (CE), José Aníbal (SP) e Eduardo Azeredo (MG) batiam um papo animado.
Tasso perguntou a Azeredo, ex-governador derrotado por Itamar em outubro passado:
- Vai sair para a Prefeitura de Belo Horizonte?
- Não, não tô pensando nisso - respondeu Azeredo, desconversando em seguida.
Tasso, governador do Ceará, e Aníbal, secretário de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento de São Paulo, trocaram um olhar maldoso, entendendo o verdadeiro sonho do ex-governador.
E Tasso emendou:
- Você, o Pimenta (da Veiga, ministro das Comunicações) e o Aécio (Neves, líder do PSDB na Câmara) só pensam na mesma coisa, mas não falam.
Todos gargalharam. Azeredo, Pimenta e Aécio planejam se candidatar ao governo de Minas em 2002. Vai faltar cadeira.


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