|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SISTEMA FINANCEIRO
Funcionários da instituição eram cotistas de fundos socorridos
Ajuda do BC beneficiou
sócios do FonteCindam
VANESSA ADACHI
da Reportagem Local
Os sócios e os
funcionários do
FonteCindam
tinham aplicações pessoais
nos fundos de
investimento do
banco que foram ajudados pela operação de
venda de dólares do Banco Central
a preços menores do que os de
mercado.
É o que mostra uma carta encaminhada aos clientes do banco no
dia 20 de janeiro e assinada pelo
principal sócio da instituição, Roberto Steinfeld. "Vale notar que todos nós do FonteCindam somos
também investidores desses fundos, ou seja, ganhamos e perdemos junto com nossos clientes",
diz um trecho da carta.
"É uma coisa muito normal que
nós tivéssemos dinheiro nos nossos fundos. Sinal de que acreditávamos naquilo que estávamos vendendo", disse Roberto Steinfeld ao
ser procurado pela Folha.
O problema é que, no relatório
encaminhado à CPI dos Bancos, o
BC diz que aprovou a ajuda sem
saber que os fundos eram de cotistas. O BC afirma ter feito a operação pensando que se tratava apenas de dinheiro do banco, o que
colocava em risco a saúde da instituição e, por extensão, do sistema
financeiro. Também em nenhum
momento o BC informa ter conhecimento de que os sócios do banco
teriam economias pessoais nos
fundos.
Já o FonteCindam afirma que o
BC foi informado desde o início de
que o dinheiro nos fundos pertencia a cotistas e não só ao banco.
O FonteCindam negociou com o
BC, no dia 14 de janeiro, a venda de
dólares futuros a R$ 1,322 no mercado futuro tanto para a tesouraria
(operações com caixa próprio) do
banco quanto para os fundos de
investimentos, o que limitou os
prejuízos dos cotistas. No caso do
Marka, os fundos ficaram fora da
operação, que só socorreu o banco.
Na carta, Steinfeld reconhece o
erro na avaliação do risco de desvalorização, assumindo a responsabilidade pelas perdas ocasionadas aos clientes.
Segundo Steinfeld, as aplicações
de sócios e funcionários não chegava a 1% do total administrado
pelo banco, que na época era de R$
500 milhões aproximadamente. Os
fundos tinham cerca de 1.500
clientes.
De fato, é comum no mercado financeiro que pessoas que trabalhem em determinado banco apliquem seu próprio dinheiro na instituição. "Agora, daí a se imaginar
que a nossa atitude foi tomada
pensando no nosso próprio dinheiro não faz sentido", disse
Steinfeld.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Relator descarta reconvocar Lopes Índice
|