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"OPERAÇÃO GATINHO"
Dois subprocuradores da República e assessor de senador também fariam parte de esquema de proteção
PF vê ligação de Chong com juízes e políticos
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal e o Ministério
Público Federal investigam a participação de dois subprocuradores-gerais da República, dois juízes federais, três políticos e um assessor de senador na rede de proteção ao empresário Law Kim
Chong, apontado como maior
contrabandista do país, que hoje
está preso em Brasília.
Os nomes foram citados em
conversas pelo despachante Pedro Lindolfo Sarlo, preso sob acusação de cumplicidade com Law
Kim Chong para subornar o presidente da CPI da Pirataria, deputado federal Luiz Antônio de Medeiros (PL-SP). Também há indícios de ligação do empresário
com os suspeitos em material
apreendido em São Paulo.
Chong e Sarlo foram detidos pela PF em São Paulo em 1º de junho, acusados de tentar corromper com US$ 2 milhões o presidente da CPI da Pirataria, deputado federal Luiz Antonio de Medeiros (PL-SP), autor da denúncia. A CPI vinha investigando o
envolvimento do empresário, que
controla 600 lojas em três shoppings populares de São Paulo,
com o contrabando e venda de
produtos pirateados, fabricados
no Brasil, na China e no Paraguai.
Brasileiro de origem chinesa,
Law Kim Chong movimentaria
R$ 50 milhões para manter uma
rede de proteção a seus negócios.
Depoimento
Em depoimento à PF, Sarlo confessou a participação no esquema.
Sua advogada, que em entrevistas
afirma que Medeiros foi o autor
da extorsão, não foi localizada ontem pela Folha. Chong preferiu
manifestar-se apenas em juízo.
Seu advogado não respondeu aos
recados da reportagem. Em entrevista na semana passada, ele
negou prática de contrabando.
Ainda não se sabe se o senador,
cujo assessor é citado na investigação, participava da rede de proteção a Chong. A PF e o Ministério
Público possuem material de áudio e vídeo em que o funcionário
utiliza o nome do congressista,
mas não há provas de que o parlamentar tivesse ciência disso.
Ontem o delegado Protógenes
Queiroz, que preside o inquérito
sobre a tentativa de suborno, entregou seu relatório ao procurador Eduardo Pedrosa, de São
Paulo, que deverá denunciar o
empresário à Justiça até quarta-feira. Agora, a PF vai abrir dois
novos inquéritos para descortinar
ligações de Chong com as autoridades que o protegiam. Durante
as negociações de Sarlo com o
presidente do CPI, o despachante
entregou ao seu contato um telefone celular supostamente fornecido por um agente da Abin.
O primeiro será conduzido sob
supervisão do Tribunal Regional
Federal de São Paulo, para apurar
o envolvimento de juízes federais.
O objetivo do segundo é mapear a
rede de policiais civis de São Paulo, parlamentares, funcionários
da Receita Federal, agentes da
Agência Brasileira de Inteligência,
funcionários de bancos, casas de
câmbio e instituições financeiras
e servidores públicos estaduais.
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