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PAINEL
Renata Lo Prete
@ - painel@uol.com.br
Lula e o povo
A despeito das ameaças de abandono da coligação
formal por parte de aliados históricos, o PT aposta alto na festa que confirmará Lula candidato, no sábado.
Quer pôr no palanque o PMDB governista, com a dupla Renan-Sarney, parceiros como Eduardo Campos
(PSB-PE), todos os seus candidatos nos Estados e até
artistas, que andam arredios em tempos pós-mensalão. O objetivo é mostrar a força do presidente.
Na platéia do Minas Tênis Clube de Brasília, a sigla
espera 4.000 pessoas, o dobro do público que esteve
em São Paulo em 2002, na convenção orquestrada
por Duda Mendonça. O jingle de campanha, sob cuidados do atual marqueteiro, João Santana, está pronto: vai martelar a ligação direta entre "Lula e o povo".
Precaução. Na sexta, véspera da convenção, o presidente
do PT, Ricardo Berzoini, reunirá dirigentes regionais para
entregar três manuais. Um
detalha procedimentos de finanças. Outro dá dicas de comunicação. O terceiro, orientações para ações jurídicas.
Racionamento. Parte dos
R$ 600 mil que o partido de
Lula pretende gastar na convenção servirá para pagar as
passagens aéreas de 130 dirigentes. Até agora, estão com
vôo garantido apenas os integrantes do Diretório Nacional
e os secretários estaduais de
Finanças e Organização.
Lulécio. Pesquisa encomendada pelo PT em Minas Gerais mostra Lula com 49% das
intenções de voto no Estado.
Geraldo Alckmin fica nos
17%. Na capital, o presidente
passa de 50%. O governador
Aécio Neves (PSDB) tem mais
de 60% para sua reeleição.
Romeu e Julieta. Diante
da tendência de voto Lula-Aécio, o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel
(PT), afaga o tucano: "Farei o
máximo para que não haja
agressão ao governador. Faremos política com cordialidade, ao contrário do que os tucanos fazem nacionalmente".
Esqueleto. Uma das locações do programa de TV do
PSDB deverá ser um laboratório de saúde inaugurado por
Lula em Curitiba em 2004,
durante a campanha de Ângelo Vanhoni à prefeitura, que
não foi concluído até hoje. A
obra está cercada de mato.
Liberou geral. A oposição
acusa o governo de ser leniente com o não-cumprimento
da Lei de Responsabilidade
Fiscal. Promete divulgar a relação de Estados que, mesmo
descumprindo a lei, têm recebido transferências federais.
Revanche. Maurício Marinho, ex-funcionário dos Correios cujo pedido de propina
foi o estopim da crise do mensalão, vai representar ao Ministério Público contra a autarquia, da qual foi demitido a
bem do serviço público.
Vício. Marinho acusa os
Correios de falsificarem documentos que levaram à sua
demissão. A assinatura do ex-presidente da estatal João
Henrique foi recortada e colada numa portaria. Funcionário dos Correios depôs e admitiu o procedimento.
Fogueira 1. Em resposta a
ofício de fevereiro da ministra
Dilma Rousseff (Casa Civil)
solicitando o envio de arquivos do período de 1964 a 1990,
as Forças Armadas responderam que a documentação da
época foi destruída.
Fogueira 2. Mais: na resposta a Dilma, Exército e Marinha dizem que até os autos
de destruição dos documentos foram inutilizados. A Aeronáutica diz ter só papéis
"genéricos". Irritada, a ministra cobrou esclarecimentos.
Alerta. As hidrelétricas da
região Sul estão operando, na
média, com menos de 30% da
capacidade de seus reservatórios. Se o nível atingir 15%, o
racionamento fica iminente.
UTI. Orientada pelo ONS
(Operador Nacional do Sistema Elétrico), Itaipu já redirecionou quase 50% de sua produção de energia para o Sul.
Tiroteio
No próximo sábado, Lula enfim vai admitir que
é candidato. A população espera que a partir
disso ele use da mesma sinceridade e admita
também a existência do mensalão.
Do senador DEMÓSTENES TORRES (PFL-GO) sobre a convenção nacional do PT que confirmará, no fim de semana que vem, a candidatura à
reeleição do presidente.
Contraponto
Ouvidos moucos
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) participava, há algumas semanas, do lançamento do correligionário Djalma
Pastorello a deputado estadual, em Foz do Iguaçu, quando
se empolgou no discurso e bateu forte no presidente:
-Este governo Lula é o mais corrupto da história!
Para sua surpresa, os aplausos foram tímidos. Ao fim da
fala, o tucano comentou com um correligionário:
-Acho que a maioria aqui é de eleitores do Lula. Ninguém aplaudiu.
Um dos organizadores chegou para explicar:
-É que dois terços das pessoas aqui são surdos-mudos,
de uma entidade que o Pastorello ajuda.
com VERA MAGALHÃES e CONRADO COESALETTE
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