São Paulo, domingo, 18 de junho de 2006

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PAINEL

Renata Lo Prete
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Lula e o povo

A despeito das ameaças de abandono da coligação formal por parte de aliados históricos, o PT aposta alto na festa que confirmará Lula candidato, no sábado. Quer pôr no palanque o PMDB governista, com a dupla Renan-Sarney, parceiros como Eduardo Campos (PSB-PE), todos os seus candidatos nos Estados e até artistas, que andam arredios em tempos pós-mensalão. O objetivo é mostrar a força do presidente.
Na platéia do Minas Tênis Clube de Brasília, a sigla espera 4.000 pessoas, o dobro do público que esteve em São Paulo em 2002, na convenção orquestrada por Duda Mendonça. O jingle de campanha, sob cuidados do atual marqueteiro, João Santana, está pronto: vai martelar a ligação direta entre "Lula e o povo".


Precaução. Na sexta, véspera da convenção, o presidente do PT, Ricardo Berzoini, reunirá dirigentes regionais para entregar três manuais. Um detalha procedimentos de finanças. Outro dá dicas de comunicação. O terceiro, orientações para ações jurídicas.

Racionamento. Parte dos R$ 600 mil que o partido de Lula pretende gastar na convenção servirá para pagar as passagens aéreas de 130 dirigentes. Até agora, estão com vôo garantido apenas os integrantes do Diretório Nacional e os secretários estaduais de Finanças e Organização.

Lulécio. Pesquisa encomendada pelo PT em Minas Gerais mostra Lula com 49% das intenções de voto no Estado. Geraldo Alckmin fica nos 17%. Na capital, o presidente passa de 50%. O governador Aécio Neves (PSDB) tem mais de 60% para sua reeleição.

Romeu e Julieta. Diante da tendência de voto Lula-Aécio, o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), afaga o tucano: "Farei o máximo para que não haja agressão ao governador. Faremos política com cordialidade, ao contrário do que os tucanos fazem nacionalmente".

Esqueleto. Uma das locações do programa de TV do PSDB deverá ser um laboratório de saúde inaugurado por Lula em Curitiba em 2004, durante a campanha de Ângelo Vanhoni à prefeitura, que não foi concluído até hoje. A obra está cercada de mato.

Liberou geral. A oposição acusa o governo de ser leniente com o não-cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal. Promete divulgar a relação de Estados que, mesmo descumprindo a lei, têm recebido transferências federais.

Revanche. Maurício Marinho, ex-funcionário dos Correios cujo pedido de propina foi o estopim da crise do mensalão, vai representar ao Ministério Público contra a autarquia, da qual foi demitido a bem do serviço público.

Vício. Marinho acusa os Correios de falsificarem documentos que levaram à sua demissão. A assinatura do ex-presidente da estatal João Henrique foi recortada e colada numa portaria. Funcionário dos Correios depôs e admitiu o procedimento.

Fogueira 1. Em resposta a ofício de fevereiro da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) solicitando o envio de arquivos do período de 1964 a 1990, as Forças Armadas responderam que a documentação da época foi destruída.

Fogueira 2. Mais: na resposta a Dilma, Exército e Marinha dizem que até os autos de destruição dos documentos foram inutilizados. A Aeronáutica diz ter só papéis "genéricos". Irritada, a ministra cobrou esclarecimentos.

Alerta. As hidrelétricas da região Sul estão operando, na média, com menos de 30% da capacidade de seus reservatórios. Se o nível atingir 15%, o racionamento fica iminente.

UTI. Orientada pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), Itaipu já redirecionou quase 50% de sua produção de energia para o Sul.

Tiroteio

No próximo sábado, Lula enfim vai admitir que é candidato. A população espera que a partir disso ele use da mesma sinceridade e admita também a existência do mensalão.


Do senador DEMÓSTENES TORRES (PFL-GO) sobre a convenção nacional do PT que confirmará, no fim de semana que vem, a candidatura à reeleição do presidente.

Contraponto

Ouvidos moucos

O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) participava, há algumas semanas, do lançamento do correligionário Djalma Pastorello a deputado estadual, em Foz do Iguaçu, quando se empolgou no discurso e bateu forte no presidente:
-Este governo Lula é o mais corrupto da história!
Para sua surpresa, os aplausos foram tímidos. Ao fim da fala, o tucano comentou com um correligionário:
-Acho que a maioria aqui é de eleitores do Lula. Ninguém aplaudiu.
Um dos organizadores chegou para explicar:
-É que dois terços das pessoas aqui são surdos-mudos, de uma entidade que o Pastorello ajuda.

com VERA MAGALHÃES e CONRADO COESALETTE



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