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ELEIÇÕES 2006/MÁQUINA PÚBLICA
Até entidades com endereço fictício são beneficiadas
Fundações contempladas pelo governo não cumprem requisitos previstos em lei
Presidida por ex-deputado estadual do Maranhão, entidade que declarou como sede um terreno baldio ganhou rádio em Tocantins
DA SUCURSAL DO RIO
Segundo a lei, as fundações
devem ter patrimônio suficiente para garantir a sobrevivência
financeira das emissoras, mas
não é o que se vê. Mesmo com
endereços fictícios, passam pelo crivo do governo.
É o caso da Fundação João
Sotero, comandada por José
Clênio Soares de Lima, ex-presidente do PSDB em Caruaru
(PE). A entidade já possuía uma
rádio educativa em Recife e ganhou outra em Belo Jardim, no
mesmo Estado. O endereço da
fundação que aparece no Ministério das Comunicações é
uma caixa postal.
O promotor de Justiça responsável pela fiscalização das
fundações em Recife, Ulisses
Araújo de Sá, diz que a João Sotero não está registrada no Ministério Público da capital e
que, em razão disso, não poderia ter recebido concessão de
um serviço público na cidade.
A rádio foi transferida para a
fundação Vicente Campelo, em
Recife, que repassou uma TV
educativa, recebida no governo
FHC, a uma terceira fundação,
criada pelo empresário João
Florentino. Há políticos em
duas pontas desta operação, já
que a Vicente Campelo é dirigida por Edson Queiroz, irmão
do deputado federal Armando
Queiroz Monteiro (PTB-PE).
Sede em terreno
Vinculada ao deputado federal Wladimir Costa (PMDB-PA), a Fundação Barcarena de
Comunicação e Assistência Social não possui telefone, tem
como sede declarada o nome de
uma rua, sem número, e recebeu duas rádios educativas:
uma em Tucuruí e outra em
Barcarena, ambas no Pará.
A sede da fundação Educacional e Cultural Nativa, presidida pelo ex-deputado estadual
maranhense Raimundo Nonato Vieira, é um terreno baldio
em Araguantins, em Tocantins.
Mesmo assim, ganhou uma rádio em Parauapebas (PA).
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