São Paulo, domingo, 18 de junho de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PUBLICIDADE SUSPEITA

CDHU omite anúncio em revista de tucano

Estatais paulistas escondem pagamentos a veículos ligados a deputados que apóiam o candidato do PSDB ao Planalto

CDHU, Sabesp e Nossa Caixa publicaram, ao mesmo tempo, anúncios na revista "DeFato", do deputado Wagner Salustiano (PSDB)

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Acusado de comprar apoio com verbas publicitárias de estatais, o governo de Geraldo Alckmin, candidato tucano à Presidência, omitiu pagamentos feitos a veículos de comunicação de deputados aliados.
Estatais relutaram em prestar informações sobre gastos publicitários ou mentiram. É o caso da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano). Depois de recusar-se por três meses a fornecer os dados, a estatal enviou na semana passada nota à Folha, informando que "em nenhum momento" fez anúncios em veículos "de interesse de parlamentares". Em pelo menos duas edições, a CDHU publicou anúncios de página dupla na revista "DeFato", do deputado Wagner Salustiano (PSDB).
Os exemplares também trazem anúncios da Sabesp e da Nossa Caixa, investigadas pelo Ministério Público Estadual por suspeita de favorecimento de deputados com dinheiro público. O governo do Estado também publicou anúncios de página dupla na revista.
Em março, a Folha revelou que o governo Alckmin direcionou recursos de publicidade da Nossa Caixa para revistas, jornais e programas de rádio e TV mantidos ou indicados por parlamentares da base aliada. Consultadas na época se haviam feito veiculações similares, Sabesp, Prodesp, CDHU e Dersa não responderam.
"O governo também se nega a prestar informações para a Assembléia. A publicidade é uma caixa-preta", diz o deputado Renato Simões (PT-SP).
O MPE investiga a suspeita de direcionamento para garantir apoio em votações de interesse do governo Alckmin ou para encobrir ajuda em período eleitoral. Carta anônima que motivou a investigação apontou como supostos beneficiários os deputados estaduais Afanasio Jazadji (PFL), Edson Ferrarini (PTB), Geraldo "Bispo Gê" Tenuta (PTB) e "outros mais". A lista é encabeçada por Salustiano, parlamentar ligado à Igreja Universal.
Segundo a carta, "estima-se que o deputado [Salustiano] retire cerca de R$ 1 milhão por ano do banco [Nossa Caixa] e outro tanto da Sabesp". Só depois de alertada dos riscos de processo, a Sabesp informou ao promotor Sérgio Turra Sobrane que gastou nos últimos dois anos R$ 1 milhão no programa de TV e na revista de Salustiano. Dos R$ 522 mil destinados à mídia "revistas" em 2004, 46,5% foram para "DeFato" -mais que com a "Exame-SP", "Isto É Dinheiro" e "Trip".


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