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ELEIÇÕES 2006 / PUBLICIDADE SUSPEITA
CDHU omite anúncio em revista de tucano
Estatais paulistas escondem pagamentos a veículos ligados a deputados que apóiam o candidato do PSDB ao Planalto
CDHU, Sabesp e Nossa Caixa publicaram, ao mesmo tempo, anúncios na revista "DeFato", do deputado Wagner Salustiano (PSDB)
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Acusado de comprar apoio
com verbas publicitárias de estatais, o governo de Geraldo
Alckmin, candidato tucano à
Presidência, omitiu pagamentos feitos a veículos de comunicação de deputados aliados.
Estatais relutaram em prestar informações sobre gastos
publicitários ou mentiram. É o
caso da CDHU (Companhia de
Desenvolvimento Habitacional
e Urbano). Depois de recusar-se por três meses a fornecer os
dados, a estatal enviou na semana passada nota à Folha, informando que "em nenhum
momento" fez anúncios em
veículos "de interesse de parlamentares". Em pelo menos
duas edições, a CDHU publicou
anúncios de página dupla na
revista "DeFato", do deputado
Wagner Salustiano (PSDB).
Os exemplares também trazem anúncios da Sabesp e da
Nossa Caixa, investigadas pelo
Ministério Público Estadual
por suspeita de favorecimento
de deputados com dinheiro público. O governo do Estado
também publicou anúncios de
página dupla na revista.
Em março, a Folha revelou
que o governo Alckmin direcionou recursos de publicidade da
Nossa Caixa para revistas, jornais e programas de rádio e TV
mantidos ou indicados por parlamentares da base aliada.
Consultadas na época se haviam feito veiculações similares, Sabesp, Prodesp, CDHU e
Dersa não responderam.
"O governo também se nega
a prestar informações para a
Assembléia. A publicidade é
uma caixa-preta", diz o deputado Renato Simões (PT-SP).
O MPE investiga a suspeita
de direcionamento para garantir apoio em votações de interesse do governo Alckmin ou
para encobrir ajuda em período eleitoral. Carta anônima
que motivou a investigação
apontou como supostos beneficiários os deputados estaduais Afanasio Jazadji (PFL),
Edson Ferrarini (PTB), Geraldo "Bispo Gê" Tenuta (PTB) e
"outros mais". A lista é encabeçada por Salustiano, parlamentar ligado à Igreja Universal.
Segundo a carta, "estima-se
que o deputado [Salustiano] retire cerca de R$ 1 milhão por
ano do banco [Nossa Caixa] e
outro tanto da Sabesp". Só depois de alertada dos riscos de
processo, a Sabesp informou ao
promotor Sérgio Turra Sobrane que gastou nos últimos dois
anos R$ 1 milhão no programa
de TV e na revista de Salustiano. Dos R$ 522 mil destinados
à mídia "revistas" em 2004,
46,5% foram para "DeFato"
-mais que com a "Exame-SP",
"Isto É Dinheiro" e "Trip".
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