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PSOL, PV e PPS ameaçam pedir nova ação contra Renan
Partidos querem investigar vendas de gado que o senador diz ter feito em Alagoas
Cláudio Gontijo, lobista da
Mendes Júnior que pagava
pensão a Mônica, com quem
Renan tem uma filha, depõe
hoje no Conselho de Ética
GABRIELA GUERREIRO
DA FOLHA ONLINE, EM BRASÍLIA
ANDREZA MATAIS
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Três partidos de oposição,
PSOL, PV e PPS, se articulam
para ingressar com nova representação contra o presidente
do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), caso o Conselho
de Ética da Casa decida amanhã arquivar o processo instaurado para apurar a denúncia de
que ele teria recebido dinheiro
de uma empreiteira para pagar
pensão alimentícia à jornalista
Mônica Veloso, com quem tem
uma filha.
O PSOL é o autor do pedido
de abertura do processo por
quebra do decoro parlamentar
que deve ir a voto amanhã no
Conselho. Aliados do presidente do Senado, incluindo o relator do processo, Epitácio Cafeteira (PTB-MA), defendem o
arquivamento sob o argumento
de que o senador teria provado
possuir recursos suficientes
para fazer os pagamentos mensais a Mônica; logo, não precisaria usar dinheiro de uma empreiteira.
O senador alegou ter vendido
cabeças de gado, o que lhe daria
renda suficiente para arcar
com a pensão a Mônica.
Já os três partidos dizem que
não podem ser ignoradas as
suspeitas que recaem sobre os
documentos que Renan apresentou para tentar provar ganho de R$ 1,9 milhão nos quatro últimos anos com a venda
de gado em Alagoas. Entre os
recibos do senador, há o de empresas cujos proprietários afirmam não ter feito negócios
com Renan. A Polícia Federal
faz perícia nos documentos.
"Se o relator não mudar o seu
texto, cabe outra representação. O que não pode é se arquivar a denúncia", afirmou o presidente do PPS, Roberto Freire,
acrescentando: "O Renan não
deve pensar que vai resolver isso na base do tapetão".
Cafeteira e os aliados de Renan já disseram que vão defender o arquivamento da denúncia independentemente do resultado da perícia que a PF está
fazendo na documentação
apresentada pelo senador.
"Se houver arquivamento da
representação, vamos questionar a legitimidade da perícia.
Acho que seria necessário partir para um processo de cassação do mandato. Se aprovarem
a absolvição com uma perícia
falsa, vamos entrar na Justiça",
disse o deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ).
PV e PSOL afirmaram que
podem entrar com mandado de
segurança no Supremo Tribunal Federal e com representação na Procuradoria Geral da
República caso o Conselho arquive a denúncia.
"Não vamos aceitar que a
"operação epitáfio [trocadilho
com o nome do relator, Epitácio]" tenha êxito", afirmou o deputado federal Chico Alencar
(PSOL-RJ).
O Conselho de Ética do Senado toma hoje o depoimento de
Cláudio Gontijo, lobista da empreiteira Mendes Júnior, que
teria sido o responsável em fazer parte dos pagamentos a
Mônica Veloso. Ontem, ele reafirmou que o dinheiro era de
Renan e informou que não tem
informações sobre a venda do
gado do senador. O advogado
da jornalista, Pedro Calmon,
também foi convidado a depor,
mas não confirmou presença.
Se o Conselho decidir continuar o processo, a punição máxima é a cassação do mandato.
Até o final da semana passada,
Renan tinha apoio da maioria
dos 15 integrantes do Conselho,
embora seus aliados considerem "pequena" a margem.
"O governo tem maioria, e
com maioria se faz o que quer,
se enfrenta até a lei. Politicamente, eles também têm maioria, mas, juridicamente e eticamente, tem que se investigar",
disse o senador Demóstenes
Torres (DEM-GO).
"Essa coisa deve ser examinada até o fim. Os fatos novos
tem que ser analisados. Não
precisa de apelos piegas de que
"o presidente está sangrando"
para que o caso seja encerrado.
Quem está sangrando é o Senado", afirmou o senador Jarbas
Vasconcelos (PMDB-PE).
Renan Calheiros passou o final de semana em Brasília, reunido com assessores. Seu advogado, Eduardo Ferrão, defendeu o arquivamento do processo sob o argumento de a suspeita de uso de dinheiro de uma
empreiteira não se confirmou.
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