São Paulo, quinta-feira, 18 de junho de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Senadores fazem lista de exigências a Sarney

Propostas para tirar Casa da crise incluem corte de pessoal e redução de benefícios; Sarney diz que levará discussão das medidas à Mesa

Documento elaborado por parlamentares de PSDB, PT PDT, PSB e PMDB não sugere o que deveria ser feito com atos secretos do Senado


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Aproveitando o momento de fragilidade do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), um grupo de senadores decidiu apresentar uma lista de reivindicações para forçá-lo a adotá-las em nome da superação da atual crise. Foram listadas oito propostas, que incluem o corte de pessoal, a demissão do diretor-geral, a redução de benefícios e uma auditoria externa.
As sugestões foram elaboradas por oito senadores de PSDB, PDT, PSB, PT e PMDB.
"Avaliamos que é nossa função acelerar mudanças na Casa. Sem cobrança, elas não virão. Este é o momento", afirmou Sérgio Guerra (PE), presidente do PSDB.
Várias das sugestões apresentadas são genéricas. Eles propõem eliminação de mordomias sem definir quais, sugerem metas de redução de pessoal e não dão um número do que seria ideal e não falam como os novos diretores devem ser escolhidos.
A lista com as sugestões foi lida ontem mesmo no plenário, por Tasso Jereissati (PSDB-CE). Sarney disse que irá convocar a Mesa Diretora na terça-feira para discutir as propostas. "A Mesa recebe como uma valiosa contribuição as sugestões", afirmou.
"Ele já demonstrou essa abertura em seu discurso no Senado. Pediu sugestões de mudanças e vai encaminhar as medidas necessárias ouvindo todo o plenário", afirmou o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), seu principal aliado.
A voz dissonante no grupo de Sarney veio de Wellington Salgado (PMDB-MG), suplente do ministro Hélio Costa (Comunicações). "Estamos vivendo aqui um grande teatro. O que está existindo aqui é uma lua de mel com a derrota. Quem perdeu continua vivendo essa derrota", disse, numa referência à derrota de Tião Viana (PT-AC), em fevereiro, para Sarney.
"Nós temos, sim, que prestar satisfação à opinião pública brasileira e agir com humildade. Aqueles que nunca participaram de uma eleição pensem três vezes antes de não pensar sobre a opinião pública", devolveu Tasso a Salgado.

Diretor-geral
A disposição de Sarney, contudo, é a de negociar para encerrar o período de turbulências, que já dura quatro meses.
A expectativa é que Sarney já apresente hoje alguma proposta em resposta aos senadores. A demissão do atual diretor-geral, Alexandre Gazineo, no entanto, deve ficar para depois porque o presidente do Senado ainda não encontrou um nome para substituí-lo.
Segundo assessores, ele já havia encomendado, desde ontem, um projeto de resolução acatando a proposta do líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), de limitar o mandato do diretor-geral e determinar que seu nome seja aprovado no plenário.
Pediu ainda análise da proposta de Eduardo Suplicy (PT-SP) de divulgar a lista com os salários dos funcionários.
Antes da leitura das reivindicações no plenário, Cristovam Buarque (PDT-DF), um dos autores do documento, disse que a adoção das propostas é a melhor solução para a crise no Senado. "O melhor caminho não é começar o "fora Sarney'", disse.
Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que também participa do grupo, cobrou decisões de Sarney. "Ele não consegue dar um rumo para a Casa, formular propostas. Nós tomamos a iniciativa", afirmou.
No documento, além da demissão imediata de Gazineo, pede-se também a saída dos demais diretores da Casa; uma auditoria externa para analisar os contratos do Senado com empresas privadas; a redução de pessoal e a suspensão de novas contratações. Com 81 senadores, a Casa tem 10 mil servidores.
O texto, porém, não faz referência sobre o que deveria ser feito com os atos secretos, que beneficiaram vários senadores. Ao não dar publicidade a esses atos, evitou-se a exposição de parlamentares que contrataram parentes, reajustaram salários e criaram cargos.
Além de Guerra, Tasso, Cristovam e Jarbas, participaram da elaboração do documento os senadores Tião Vianna (PT-AC), Renato Casagrande (PSB-ES), Arthur Virgílio e Pedro Simon (PMDB-RS). (ANDREZA MATAIS e VALDO CRUZ)


Texto Anterior: Janio de Freitas: Sob a realidade cavernosa
Próximo Texto: Sarney compara Congresso à imprensa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.