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Senadores fazem lista de exigências a Sarney
Propostas para tirar Casa da crise incluem corte de pessoal e redução de benefícios; Sarney diz que levará discussão das medidas à Mesa
Documento elaborado por parlamentares de PSDB, PT PDT, PSB e PMDB não sugere o que deveria ser feito com atos secretos do Senado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Aproveitando o momento de
fragilidade do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP),
um grupo de senadores decidiu
apresentar uma lista de reivindicações para forçá-lo a adotá-las em nome da superação da
atual crise. Foram listadas oito
propostas, que incluem o corte
de pessoal, a demissão do diretor-geral, a redução de benefícios e uma auditoria externa.
As sugestões foram elaboradas por oito senadores de
PSDB, PDT, PSB, PT e PMDB.
"Avaliamos que é nossa função acelerar mudanças na Casa.
Sem cobrança, elas não virão.
Este é o momento", afirmou
Sérgio Guerra (PE), presidente
do PSDB.
Várias das sugestões apresentadas são genéricas. Eles
propõem eliminação de mordomias sem definir quais, sugerem metas de redução de pessoal e não dão um número do
que seria ideal e não falam como os novos diretores devem
ser escolhidos.
A lista com as sugestões foi lida ontem mesmo no plenário,
por Tasso Jereissati (PSDB-CE). Sarney disse que irá convocar a Mesa Diretora na terça-feira para discutir as propostas.
"A Mesa recebe como uma valiosa contribuição as sugestões", afirmou.
"Ele já demonstrou essa
abertura em seu discurso no
Senado. Pediu sugestões de
mudanças e vai encaminhar as
medidas necessárias ouvindo
todo o plenário", afirmou o líder do PMDB, Renan Calheiros
(AL), seu principal aliado.
A voz dissonante no grupo de
Sarney veio de Wellington Salgado (PMDB-MG), suplente do
ministro Hélio Costa (Comunicações). "Estamos vivendo aqui
um grande teatro. O que está
existindo aqui é uma lua de mel
com a derrota. Quem perdeu
continua vivendo essa derrota", disse, numa referência à
derrota de Tião Viana (PT-AC),
em fevereiro, para Sarney.
"Nós temos, sim, que prestar
satisfação à opinião pública
brasileira e agir com humildade. Aqueles que nunca participaram de uma eleição pensem
três vezes antes de não pensar
sobre a opinião pública", devolveu Tasso a Salgado.
Diretor-geral
A disposição de Sarney, contudo, é a de negociar para encerrar o período de turbulências, que já dura quatro meses.
A expectativa é que Sarney já
apresente hoje alguma proposta em resposta aos senadores. A
demissão do atual diretor-geral, Alexandre Gazineo, no entanto, deve ficar para depois
porque o presidente do Senado
ainda não encontrou um nome
para substituí-lo.
Segundo assessores, ele já
havia encomendado, desde ontem, um projeto de resolução
acatando a proposta do líder do
PSDB, Arthur Virgílio (AM), de
limitar o mandato do diretor-geral e determinar que seu nome seja aprovado no plenário.
Pediu ainda análise da proposta de Eduardo Suplicy (PT-SP) de divulgar a lista com os
salários dos funcionários.
Antes da leitura das reivindicações no plenário, Cristovam
Buarque (PDT-DF), um dos autores do documento, disse que
a adoção das propostas é a melhor solução para a crise no Senado. "O melhor caminho não é
começar o "fora Sarney'", disse.
Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que também participa do
grupo, cobrou decisões de Sarney. "Ele não consegue dar um
rumo para a Casa, formular
propostas. Nós tomamos a iniciativa", afirmou.
No documento, além da demissão imediata de Gazineo,
pede-se também a saída dos demais diretores da Casa; uma
auditoria externa para analisar
os contratos do Senado com
empresas privadas; a redução
de pessoal e a suspensão de novas contratações. Com 81 senadores, a Casa tem 10 mil servidores.
O texto, porém, não faz referência sobre o que deveria ser
feito com os atos secretos, que
beneficiaram vários senadores.
Ao não dar publicidade a esses
atos, evitou-se a exposição de
parlamentares que contrataram parentes, reajustaram salários e criaram cargos.
Além de Guerra, Tasso, Cristovam e Jarbas, participaram
da elaboração do documento os
senadores Tião Vianna (PT-AC), Renato Casagrande (PSB-ES), Arthur Virgílio e Pedro Simon (PMDB-RS).
(ANDREZA MATAIS e VALDO CRUZ)
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