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Comissão da Câmara aceita projeto que reabre bingos
Proposta terá de passar pela CCJ antes de seguir para o plenário da Câmara
Associação de Bingos diz que legalização do jogo poderá trazer arrecadação de R$ 7 bilhões anuais em impostos para o governo
JOHANNA NUBLAT
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O lobby do jogo venceu ontem mais uma batalha em sua
guerra pela legalização no país,
com a aprovação, na Comissão
de Finanças e Tributação da
Câmara, do projeto que autoriza a volta de bingos, videobingos e videoloterias. Os cassinos,
também previstos na proposta
original, foram vetados pela
bancada do governo federal.
Para que os bingos sejam legalizados, o projeto ainda precisa de aprovação da Comissão
de Constituição e Justiça e do
plenário da Câmara, além de
todo o trâmite nas comissões e
no colegiado do Senado, antes
de ir à sanção presidencial.
O projeto aprovado ontem
teve intensa participação da
Abrabin (Associação Brasileira
dos Bingos) e o empenho pessoal do deputado federal Paulinho Pereira da Silva (PDT-SP).
A entidade focou a defesa do
projeto na promessa de uma arrecadação de R$ 7 bilhões
anuais em impostos, controle
online das operações, além de
verbas para saúde e educação.
Já o sindicalista usou a bandeira do emprego: pelas estimativas que divulga, haveria,
em até dois anos, a abertura de
300 mil empregos diretos.
Em abril, quando as centrais
sindicais se reuniram com o
presidente Lula, Paulinho, presidente da Força Sindical, conseguiu uma conversa ao pé do
ouvido com o presidente.
Na ocasião, o petista afirmou
ao deputado que o governo, ao
contrário do que fez até 2008,
não colocaria óbices à tramitação do projeto no Congresso.
Caso Waldomiro
Em 2003, ao assumir o governo, a mensagem presidencial de Lula fazia referência à
legalização do jogo, mas a iniciativa caiu por terra em fevereiro de 2004, com o escândalo
Waldomiro Diniz.
Ex-chefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil, ele continua sendo investigado sob a
suspeita de ter tentado intermediar a renovação de um contrato de R$ 700 milhões entre a
multinacional GTech e a Caixa
Econômica Federal para a gestão das loterias.
A legalização do jogo encontra resistência em setores do
Ministério da Fazenda e da Caixa, orientação que o governo
seguiu até o ano passado. Mas o
lobby avançou e, diante da crise, ganhou fôlego.
Presidente da Abrabin, Olavo
Salles, que transita com desenvoltura no Congresso, tem interlocutores de peso na base
aliada, como o deputado federal Cândido Vacarezza (SP), líder do PT na Câmara.
Em tempos de queda de arrecadação, a Abrabin também
apresenta como atrativo o pagamento estimado de R$ 7 bilhões em impostos. Em entrevista à Folha, antes da aprovação do projeto, Salles disse que
agora, passado o caso Waldomiro, havia maior disposição
de discutir com argumentos.
Propostas
"Eu tenho a impressão de
que às vezes as pessoas esperam que a gente chegue lá [no
Congresso] com mais do que
propostas, digamos, técnicas.
E, como isso não existe, eu tenho a impressão de que em outras ocasiões a discussão caiu
em desinteresse", disse Salles.
De cerca de 30 votantes, apenas cinco foram contrários à
aprovação do projeto.
O texto prevê que as casas de
jogos de azar deverão pagar em
prêmios de 70% a 80% dos valores arrecadados entre os
apostadores. Do que sobrar,
menos tributos sobre os prêmios, será separado um percentual de 17% a serem pagos
em royalties mensais: 15% para
a saúde, 1% para cultura e 1%
para esporte.
O relator da matéria, o deputado federal João Dado (PDT-SP), estima que esse 1% equivalerá a R$ 60 milhões anuais.
Os estabelecimentos também deverão pagar uma taxa
mensal de R$ 20 mil para o Ministério da Fazenda ou órgão ao
qual couber a fiscalização.
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