São Paulo, quinta-feira, 18 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ECONOMIA

Presidenciável do PSDB afirma que a medida não é eleitoreira; más notícias teriam provocado queda em pesquisas

Para aliados, queda de juros ajuda Serra

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O comando da campanha presidencial de José Serra (PSDB) julgou benéfica para o candidato a queda da taxa de juros básica da economia de 18,5% para 18% ao ano. No entanto, tentou tirar o caráter eleitoral da decisão.
Segundo a Folha apurou, outra medida foi comemorada pela aliança PSDB-PMDB: a liberação de R$ 1,2 bilhão para os ministérios, beneficiando projetos que dariam voto em ano eleitoral e a pasta dos Transportes, sob controle peemedebista. Os R$ 220 milhões dados aos Transportes eram cobrados pelo PMDB.
A queda dos juros, a liberação de verbas e a promessa de maior participação do presidente Fernando Henrique Cardoso na eleição são sinais positivos que devem dar mais fôlego à candidatura de José Serra, aproximando mais o governo da campanha tucana, como cobravam aliados.
A Folha apurou que na última semana Serra defendeu em conversas reservadas com FHC a diminuição dos juros, para tentar criar expectativa positiva em relação ao futuro da economia e, assim, ajudá-lo eleitoralmente.
O candidato culpa as notícias econômicas ruins pela perda do segundo lugar nas pesquisas para o candidato Ciro Gomes (PPS).
Serra, porém, negou ter pressionado FHC: "Imagine! Se tivesse viés político, teria baixado os juros em março, em abril, em maio, até para ter efeitos nesta época. O cuidado é com o equilíbrio macroeconômico. Agora, é uma boa decisão. Todo mundo queria que os juros caíssem. Agora que caíram, vamos aplaudir", declarou.
FHC afirmou por meio de seu porta-voz, Alexandre Parola, que soube da decisão do Copom "ex-post" -após o fato.
Tirar o viés eleitoral da queda de juros é uma forma de tentar acalmar o mercado financeiro, que, se continuar a avaliar que a motivação é apenas política, voltará a desconfiar da decisão, o que ocorreu ontem. Após o anúncio da queda dos juros, o dólar subiu.
"Ajuda, ajuda, ajuda [a campanha de Serra"", disse o presidente do PMDB, Michel Temer. "A decisão teve motivação econômica, devido à responsabilidade com o país. Mas, se os aumentos do gás de cozinha e da gasolina podem atrapalhar eleitoralmente, uma decisão [a queda de juros" que ajuda a evitar a recessão é claro que pode ajudar", disse o líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Geddel Vieira Lima (BA).
Após se reunir com o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, o presidente do PSDB, José Aníbal, disse que a queda dos juros "demonstra confiança no país". Aníbal disse que Fraga não tratará de acordo de transição de governo nas conversas com a oposição.



Texto Anterior: Campanha de Serra não existe no MA e CE
Próximo Texto: Mercadante não vê ação pró-Serra em decisão do BC
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.