São Paulo, quinta-feira, 18 de julho de 2002

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CAMPANHA

PPS solicita anulação de acordo ao TRE fora do prazo; PTB se reuniria ontem à noite para discutir o caso

Apoio a Collor divide coligação de Ciro

PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL

RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS

O apoio do PPS e do PTB à candidatura do ex-presidente Fernando Collor de Mello (PRTB) ao governo de Alagoas provocou um racha na campanha do presidenciável Ciro Gomes (PPS).
Enquanto o PPS solicitou no começo da noite de ontem a anulação do acordo com Collor à Justiça Eleitoral no Estado, o presidente do PTB, José Carlos Martinez, iria se reunir ainda ontem à noite com parlamentares alagoanos de sua sigla para discutir o caso.
Segundo o líder do PPS na Câmara, João Herrmann, o recuo teria sido acertado entre as duas legendas. ""Não tomaríamos nenhuma decisão sem a companhia do PTB", declarou ele.
A ""intervenção branca" promovida pelo PPS, entretanto, pode não ser aceita pela Justiça Eleitoral, já que a documentação do partido solicitando o rompimento foi entregue três minutos além do prazo previsto em lei.
A resolução 20.993 do Tribunal Superior Eleitoral prevê que as executivas nacionais dos partidos só podem alterar decisões das convenções estaduais até o fim do prazo para impugnação dos registros de candidatura, que, em Alagoas, terminou às 19h de ontem.
Também de acordo com o TRE alagoano, nenhum comunicado do PTB pedindo a saída da coligação chegou ao órgão até as 20h.
Integrantes da Frente Trabalhista, o PPS e o PTB vinham sendo pressionados por Ciro a intervirem em seus diretórios regionais com o objetivo de desfazer o acordo com o ex-presidente. A avaliação recorrente na coligação é a de que a aliança em Alagoas dá aos adversários do candidato munição para compará-lo a Collor.
Apesar da oposição de seu presidente, o senador Roberto Freire, por meio de uma resolução submetida à Executiva Nacional, o PPS considerou anuladas as decisões da convenção alagoana da sigla sobre a eleição majoritária. Freire era contra a intervenção.
A resolução também deu ao partido poderes para a negociação de outros acordos no Estado. O PPS espera, com isso, a adesão do partido à candidatura de Geraldo Sampaio, do PDT, que também integra a Frente Trabalhista.
""O episódio Collor era o único capaz de nos desestabilizar. Que me desculpe a radicalidade democrática, mas faríamos o que fosse preciso para afastar isso de nosso horizonte. Até intervenção", afirmou Herrmann.
Coordenador-geral da campanha de Ciro, José Carlos Martinez, declarou que seu partido ainda não se definiu sobre o caso.
""Não tenho problema em rever minha aliança com Collor, mas tenho 14 deputados estaduais e três federais que, sem a coligação, não se reelegerão", argumentou.
Na avaliação de Martinez, a melhor solução para o problema seria a desistência do apoio a Collor, mas a manutenção da coligação na eleição proporcional. "Mas nada está descartado", completou.
Desde que a aliança do PTB e do PPS com Collor foi anunciada, Ciro tem demonstrado irritação com os dois partidos. Segundo a Folha apurou, o candidato também reagiu mal às declarações do líder do PTB na Câmara, Roberto Jefferson, a favor de Collor.
Integrante da tropa de choque do ex-presidente, Jefferson defende que ele seja julgado "pelo povo". O PTB indicou o vice na chapa de Collor e tem participado ativamente de sua campanha.



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