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CVM cria regra para pesquisa eleitoral
RAFAEL CARIELLO
DA SUCURSAL DO RIO
A CVM (Comissão de Valores
Mobiliários), que regula e fiscaliza
o mercado de capitais no país,
anunciou ontem a criação de uma
norma específica para tentar conter a especulação financeira baseada em pesquisas eleitorais.
A partir de hoje, quando a deliberação deve ser publicada no
"Diário Oficial" da União, bancos,
corretores e investidores que encomendarem pesquisas de intenção de voto devem informar a
CVM sobre a contratação em um
prazo de até 24 horas.
A comissão fiscalizará a atuação
do investidor no mercado no período entre o recebimento da pesquisa e sua divulgação pública.
O uso nesse período das informações contidas na pesquisa para
ganhos em Bolsas de Valores ou
no mercado futuro do dólar, por
exemplo, poderá ser caracterizado como "prática não-equitativa", que pode levar a uma multa
de até três vezes os ganhos obtidos e, no limite, a perda da habilitação para operar.
Os ganhos são feitos com base
no conhecimento anterior de informações sobre as eleições e na
aposta de como o mercado deverá
reagir quando tomar conhecimento delas.
O crescimento da intenção de
voto em candidatos de oposição,
por exemplo, costuma ser tomado pelo mercado como sinal de
incerteza quanto ao futuro da
economia -o que pode provocar
altas no preço do dólar. Com o conhecimento antecipado dessa
provável alta, uma instituição pode comprar dólares e vendê-los
com lucro quando ela acontecer.
A nova regra deixa brechas para
a especulação eleitoral. Não vale
para pesquisas de uso próprio, ou
seja, cujos resultados não venham
a ser divulgados.
Uma instituição poderá, por
exemplo, contratar uma pesquisa
no mesmo período em que outras
estejam sendo preparadas e atuar
no mercado entre o recebimento
privado dos resultados e a divulgação das pesquisas públicas.
O anúncio foi feito pelo novo
presidente da CVM, Luís Leonardo Cantidiano. Questionado sobre pesquisas que não serão divulgadas, respondeu: "Aí não tem
problema nenhum, porque essa
pesquisa é só para consumo dele
[contratador] e não vai ter interferência no mercado".
Cantidiano diz esperar que a
nova norma force as instituições
financeiras a "ter o cuidado de
não operar mais antes da divulgação" das pesquisas.
"Vamos monitorar. Se tiver algum movimento antes da divulgação, vamos investigar", disse.
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