São Paulo, quinta-feira, 18 de julho de 2002

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Em NY, Dirceu critica FHC e diz que governo petista terá empresários

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

Com um discurso cada vez mais moderado durante sua viagem para acalmar Wall Street em relação a uma vitória de Lula, o presidente do PT, José Dirceu, disse que um eventual governo de seu partido terá necessariamente empresários em sua composição.
"Nós temos um governo [o atual" que não tem um empresário", afirmou Dirceu a jornalistas ontem à tarde em Nova York. "Qual o empresário que está no governo brasileiro? Tem empresário participando do Conselho Monetário Nacional?", indagou.
Mais adiante, citou o governo do general Ernesto Geisel (1974-79) como exemplo de gestão que privilegiou o crescimento. "Se você olhar o que foi Juscelino, Getúlio e mesmo o Geisel, você vai encontrar resposta para isso", disse.
Segundo Dirceu, o motivo da escolha do senador José Alencar (PL) como vice de Lula "foi para sinalizar uma aliança com o setor do empresariado produtivo".
O petista culpou ainda o candidato governista, José Serra (PSDB), pela alta do risco Brasil. "Ter dito que o Brasil vai se transformar numa Argentina foi um erro gravíssimo de Serra e nós estamos pagando por isso com estes 1.500 pontos de taxa de risco."
Ontem, o presidente do PT encontrou-se com o diretor-administrativo do Morgan Stanley, Stephen Cunninghan, o presidente da Alcoa, Alan Belda, e o vice-presidente do Lehman Brothers, Paulo Vieira da Cunha.
Da reunião, Cunha contou que "um dos participantes perguntou sobre o plebiscito sobre a dívida, e José Dirceu explicou que, na verdade, a iniciativa foi da CNBB e que hoje eles [o PT" têm de fato uma outra opinião sobre esse assunto". Para ele, "foi uma excelente reunião e Dirceu deve ser congratulado por esse esforço".
Segundo Dirceu, seu objetivo nas conversas foi desfazer mal-entendidos. "Pedir para o PT manter o Armínio Fraga ou aprovar o Banco Central independente é pedir o impossível", declarou. "Mas já fizemos um compromisso público com responsabilidade fiscal e controle de inflação."
Hoje, Dirceu conversa em Washington com Lawrence Lindsey, principal assessor econômico do presidente George W. Bush. Será o funcionário mais graduado da Casa Branca a receber um candidato ou representante de candidato brasileiro nesta eleição. "Será um contato de troca de impressões e informações, nada mais do que isso", disse, negando que o gesto sinalizaria uma maior boa vontade dos EUA com Lula.


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