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Em NY, Dirceu critica FHC e diz que governo petista terá empresários
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
Com um discurso cada vez mais
moderado durante sua viagem
para acalmar Wall Street em relação a uma vitória de Lula, o presidente do PT, José Dirceu, disse
que um eventual governo de seu
partido terá necessariamente empresários em sua composição.
"Nós temos um governo [o
atual" que não tem um empresário", afirmou Dirceu a jornalistas
ontem à tarde em Nova York.
"Qual o empresário que está no
governo brasileiro? Tem empresário participando do Conselho
Monetário Nacional?", indagou.
Mais adiante, citou o governo
do general Ernesto Geisel (1974-79) como exemplo de gestão que
privilegiou o crescimento. "Se você olhar o que foi Juscelino, Getúlio e mesmo o Geisel, você vai encontrar resposta para isso", disse.
Segundo Dirceu, o motivo da
escolha do senador José Alencar
(PL) como vice de Lula "foi para
sinalizar uma aliança com o setor
do empresariado produtivo".
O petista culpou ainda o candidato governista, José Serra
(PSDB), pela alta do risco Brasil.
"Ter dito que o Brasil vai se transformar numa Argentina foi um
erro gravíssimo de Serra e nós estamos pagando por isso com estes
1.500 pontos de taxa de risco."
Ontem, o presidente do PT encontrou-se com o diretor-administrativo do Morgan Stanley, Stephen Cunninghan, o presidente
da Alcoa, Alan Belda, e o vice-presidente do Lehman Brothers,
Paulo Vieira da Cunha.
Da reunião, Cunha contou que
"um dos participantes perguntou
sobre o plebiscito sobre a dívida, e
José Dirceu explicou que, na verdade, a iniciativa foi da CNBB e
que hoje eles [o PT" têm de fato
uma outra opinião sobre esse assunto". Para ele, "foi uma excelente reunião e Dirceu deve ser
congratulado por esse esforço".
Segundo Dirceu, seu objetivo
nas conversas foi desfazer mal-entendidos. "Pedir para o PT
manter o Armínio Fraga ou aprovar o Banco Central independente
é pedir o impossível", declarou.
"Mas já fizemos um compromisso público com responsabilidade
fiscal e controle de inflação."
Hoje, Dirceu conversa em Washington com Lawrence Lindsey,
principal assessor econômico do
presidente George W. Bush. Será
o funcionário mais graduado da
Casa Branca a receber um candidato ou representante de candidato brasileiro nesta eleição. "Será
um contato de troca de impressões e informações, nada mais do
que isso", disse, negando que o
gesto sinalizaria uma maior boa
vontade dos EUA com Lula.
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