São Paulo, domingo, 18 de julho de 2004

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ELEIÇÕES 2004

Ministro-chefe da Casa Civil fez campanha para prefeita e visitou dois CEUs na periferia

Ao lado de Marta, Dirceu diz ser contra renegociar dívida

VIRGILIO ABRANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao fazer campanha para Marta Suplicy (PT), candidata à reeleição em São Paulo, o ministro da Casa Civil, José Dirceu, se disse ontem contrário à renegociação da dívida da cidade com a União, idéia defendida pela prefeita.
"Há a Lei de Responsabilidade Fiscal, há contratos, é uma questão que tem que ser discutida quando o país tiver condições para isso. Minas Gerais quer discutir, Rio Grande do Sul quer, Ceará quer. Mas nós não podemos romper com a Lei de Responsabilidade Fiscal nem falar em renegociação da dívida. Temos que encontrar soluções criativas."
São Paulo fechou 2003 com uma dívida de R$ 26,12 bilhões. A cidade destina 13% de sua receita corrente líquida mensal para pagar o que deve à União.
Dirceu e Marta visitaram, pela manhã, dois CEUs (Centro Educacionais Unificados) na zona norte da cidade. Eles cumprimentaram eleitores, e a prefeita apresentou ao ministro a estrutura dos "escolões". O ministro arriscou alguns passes de vôlei com jovens que praticavam o esporte no ginásio de um dos CEUs. Também comeu um pedaço de bolo de morango feito por professoras.
Enquanto caminhava, foi abordado por um homem que se disse desempregado, lhe entregou um currículo e pediu trabalho. Dirceu leu o papel e disse: "Só se for na iniciativa privada".
Além da questão da dívida, o ministro contradisse a prefeita em outra situação: autografou o uniforme de um aluno da escola que lhe pediu uma assinatura. Momentos antes, Marta havia repreendido o mesmo menino que também lhe pedira autógrafo. "Não me peça autógrafo no uniforme, porque o uniforme é uma coisa sagrada", disse ela.
O mesmo menino constrangeu Dirceu em outro momento: "Você é que é o primeiro-ministro?", perguntou. "Não", disse Dirceu. "Eu sou assessor do presidente."
No resto do tempo, Dirceu se derramou em elogios a Marta. "Eu peço voto todo dia para a prefeita. Sou fã (...). Marta é a melhor prefeita que São Paulo teve. As obras estão aí, as realizações administrativas, a recuperação das finanças do município, da capacidade de investimento, da gestão e da auto-estima da cidade."
O ministro também criticou "setores da sociedade paulistana" que não apóiam Marta. "A classe média de São Paulo, eu quero dizer com franqueza, não tem o que reclamar da cidade. Eu fico estarrecido de ver setores da sociedade paulistana que não apóiam a prefeita. Lógico que podem não votar. É um direito democrático. Agora, não reconhecer o trabalho que Marta fez em São Paulo."
A candidata petista não quis falar com a imprensa.


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