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JANIO DE FREITAS
Dá no mesmo
Foi a mais original operação
política destes tempos de modernidade neoliberal.
Toda a pressão desfechada por
uma reforma no ministério tinha
o propósito particular de diminuir a estatura de Antonio Carlos
Magalhães, para retirar a sombra
que lança sobre a Presidência, e a
finalidade geral de retirar do PFL
e do PMDB os principais instrumentos de governo que os fortalecem política e eleitoralmente. Objetivo claro, plano simples. Simplório até.
Conveniências pessoais disputavam certos aspectos do plano,
mas o essencial era apenas o óbvio. Antonio Carlos seria atingido
pela perda de ao menos um dos
seus dois ministérios e por embaraços na questão da Ford. PMDB
e PFL trocariam ministérios fortes por outros e o PSDB, beneficiado pelas perdas alheias, afinal entraria até no Planalto, pelo Gabinete Civil.
Ao transformar o plano peessedebista em operação política, Renato Aragão alcançou uma das
grandes exibições do seu talento.
Na barafunda aflita e perplexa
que criou, acabou substituindo
apenas quatro ministros e, dos
quatro, um era do inexpressivo
PPB, só um do PMDB e dois, fantástico, do PSDB (respectivamente Turra, Renan, Lafer e Bresser).
Já no desespero porque não
conseguia preencher os buracos, e
passados três dias e cinco adiamentos de inconclusões da mexida, Renato Aragão fez ao peemedebista Fernando Bezerra, para
aceitar um novo ministério, concessões tão excessivas, que o ministro da Fazenda as repelira em
nota oficial -devidamente deglutida, um dia depois. Na troca
do Ministério da Justiça por esse
novo, o PMDB saiu ganhando política e eleitoralmente. O PFL e
Antonio Carlos Magalhães nada
perderam e ainda ganharam um
interlocutor, senão um simpatizante, no Gabinete Civil, Pedro
Parente. Criador da "reforma ministerial", o PSDB nem está onde
já estava, porque Renato Aragão
não lhe manteve a Ciência e Tecnologia.
Ganho administrativo e ganho
partidário, o governo não teve. Se
Renato Aragão considerar o que
foi escrito e dito a seu respeito nos
meios de comunicação, durante a
semana, pela maneira como se
enredou em uma operação desnecessariamente precipitada e conduzida com amadorismo grotesco, concluirá que a mexida foi, de
fato, em seu prestígio. Ou melhor,
no que sobrava dele.
Renato Aragão? Bom, dá no
mesmo.
Só aumentos
Aí vem o sexto aumento dos
combustíveis nesse ano. Chegam
já, no índice dos percentuais divulgados pelo governo, a 50%.
Para o consumidor, dependendo
do fornecedor, podem chegar a
70% e mais. Caso certo da gasolina.
Diz-se, nos jornais, que ANP é a
Agência Nacional de Petróleo
criada pelo governo para administrar o setor petrolífero. Não, o
N e P querem dizer outra coisa:
Agência Negociadora de Preços.
Lembrança
Franco Montoro: não se sabe de
um só gesto, na longa vida pública, em que lhe faltasse lealdade;
aos adversários tratou como democratas verdadeiros, sem jamais menosprezar ou insultar;
aos cidadãos dedicou suas atenções sem discriminação, mas com
olhos especiais para os carentes
de todos os tipos; ao país dedicou
contribuições muito importantes,
nas lutas políticas por instituições
dignas e, na luta parlamentar,
com o trabalho orientado pela visão de estadista.
Franco Montoro: suave e forte
exemplo.
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