MARIANA CAMPOS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

Irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por parte de pai e filiado ao PT há cerca de 14 anos, o mestre-de-obras Jackson Inácio da Silva, 51, disse acreditar que Lula sabia das irregularidades envolvendo a cúpula do PT e que a crise política entristece mais ainda porque o PT pregou durante anos "ética" e "esperança".
"Se meu pai se fosse vivo, dava um tapa no pé da orelha dele [Lula] para ele ser mais vivo. Meu pai ia chamar a atenção e cobrar mais coerência e maturidade."
Jackson é um dos quinze irmãos ainda vivos de Lula e conversou com ele pela última vez na posse, em 2003, em Brasília.
"Falar que ele não sabia de nada é muita ingenuidade", disse Jackson. "Uma namorada pode me trair um mês, mas se ela me trair a vida inteira um dia eu vou saber. Agora, é uma vida com o [ex-ministro] José Dirceu, com o [publicitário] Duda Mendonça, [ex-presidente nacional do PT José] Genoino, [ex-tesoureiro do PT] Delúbio [Soares]. Será que ele não sabia com quem estava lidando?"
Jackson, que concorreu três vezes pelo PT a uma vaga de vereador em Mongaguá, no litoral sul de São Paulo, recebeu a Folha em cima do telhado da casa onde está trabalhando, em Mongaguá.
Depois de assistir ao pronunciamento do presidente, na última sexta-feira, Jackson afirmou que Lula "fez bem em pedir desculpas, espero que a nação o perdoe".
Em sua última campanha à Câmara Municipal, o irmão de Lula diz que não recebeu ajuda financeira. Segundo ele, ganhou apenas folhetos do diretório municipal do PT e 30 camisetas de um deputado estadual. Jackson escreveu à mão "irmão do Lula" em todos os folhetos que recebeu.


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