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CONTRATO NA MIRA
Planalto cogita não renovar com Duda
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Vence hoje o contrato da agência Duda Mendonça com o governo federal para cuidar da imagem
institucional do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e da Presidência da República. O Palácio do
Planalto deseja interromper esse
relacionamento, evitando a renovação automática que é a praxe
nesses casos. O marqueteiro presidencial resiste à idéia. Tem negociado intensamente o assunto
nos últimos dois dias.
O contrato atual foi firmado em
agosto de 2003 entre Duda e a extinta Secom (Secretaria de Comunicação e Gestão Estratégica), hoje apenas Subscretaria de Comunicação Institucional. Além do
baiano, compartilham essa conta
as agências Matisse e Lew, Lara. O
gasto publicitário previsto para 12
meses é de até R$ 150 milhões.
A regra depois do escândalo do
"mensalão" no governo federal
tem sido desligar da administração pública agências de publicidade que estiverem sob suspeição.
Foi o que aconteceu com a DNA
e a SMPB, das quais o empresário
Marcos Valério de Souza é sócio.
Ambas as agências tiveram seus
serviços suspensos no Banco do
Brasil e nos Correios.
Duda Mendonça resiste a entregar suas contas federais, inclusive
a da Secom, pois montou uma
grande estrutura em um edifício
luxuoso em Brasília para atender
ao governo federal depois da vitória de Lula. O Planalto trata com
reserva esse caso. Ninguém se
manifesta em público.
Alternativa
A avaliação geral dentro do governo é que se tornou insustentável manter o publicitário -ele estaria cuidando da imagem do presidente depois de ter admitido em
público o recebimento de R$ 10
milhões de caixa dois na campanha eleitoral de 2002.
Como o marqueteiro resiste, a
Folha apurou que o Planalto chegou a cogitar oferecer a Duda uma
operação de alto risco. O baiano
anunciaria "espontaneamente"
sua decisão de abrir mão da conta
da Secom. Mais adiante, seria facilitada a sua entrada em alguma
outra conta estatal federal. Essa
saída é uma espécie de último recurso e não há consenso entre os
governistas sobre sua eficácia.
A maioria dos conselheiros de
Lula acha que o ideal é dar a Duda
Mendonça o mesmo destino que
tiveram as agências de Marcos
Valério. Nesse caso, o prejuízo seria grande para o publicitário responsável por renovar a imagem
do PT na eleição de 2002.
Além da Secom, a agência Duda
Mendonça tem outros dois contratos no governo federal -Petrobras e Ministério da Saúde.
Em 2003 e 2004, teve um faturamento total de R$ 120 milhões por
serviços prestados a esses órgãos.
Foram R$ 35 milhões em 2003 e
mais R$ 85 milhões em 2004. Não
há valores disponíveis para 2005.
Esses R$ 120 milhões se referem
ao recebido por Duda para o pagamento de propaganda veiculada para os três contratos. Não é
conhecido o valor da receita bruta
e do lucro líquido do publicitário.
Antes do governo Lula, a agência de Duda Mendonça já era
prestadora de serviços para a administração federal, no governo
de Fernando Henrique Cardoso
(PSDB). O baiano chegou a cuidar
das contas do Banco Central e da
Petrobras Distribuidora. Não estão disponíveis os valores faturados, mas eram negócios de menor
relevância se comparados aos do
governo atual.
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