São Paulo, quinta-feira, 18 de agosto de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CONTRATO NA MIRA

Planalto cogita não renovar com Duda

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Vence hoje o contrato da agência Duda Mendonça com o governo federal para cuidar da imagem institucional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da Presidência da República. O Palácio do Planalto deseja interromper esse relacionamento, evitando a renovação automática que é a praxe nesses casos. O marqueteiro presidencial resiste à idéia. Tem negociado intensamente o assunto nos últimos dois dias.
O contrato atual foi firmado em agosto de 2003 entre Duda e a extinta Secom (Secretaria de Comunicação e Gestão Estratégica), hoje apenas Subscretaria de Comunicação Institucional. Além do baiano, compartilham essa conta as agências Matisse e Lew, Lara. O gasto publicitário previsto para 12 meses é de até R$ 150 milhões.
A regra depois do escândalo do "mensalão" no governo federal tem sido desligar da administração pública agências de publicidade que estiverem sob suspeição.
Foi o que aconteceu com a DNA e a SMPB, das quais o empresário Marcos Valério de Souza é sócio. Ambas as agências tiveram seus serviços suspensos no Banco do Brasil e nos Correios.
Duda Mendonça resiste a entregar suas contas federais, inclusive a da Secom, pois montou uma grande estrutura em um edifício luxuoso em Brasília para atender ao governo federal depois da vitória de Lula. O Planalto trata com reserva esse caso. Ninguém se manifesta em público.

Alternativa
A avaliação geral dentro do governo é que se tornou insustentável manter o publicitário -ele estaria cuidando da imagem do presidente depois de ter admitido em público o recebimento de R$ 10 milhões de caixa dois na campanha eleitoral de 2002.
Como o marqueteiro resiste, a Folha apurou que o Planalto chegou a cogitar oferecer a Duda uma operação de alto risco. O baiano anunciaria "espontaneamente" sua decisão de abrir mão da conta da Secom. Mais adiante, seria facilitada a sua entrada em alguma outra conta estatal federal. Essa saída é uma espécie de último recurso e não há consenso entre os governistas sobre sua eficácia.
A maioria dos conselheiros de Lula acha que o ideal é dar a Duda Mendonça o mesmo destino que tiveram as agências de Marcos Valério. Nesse caso, o prejuízo seria grande para o publicitário responsável por renovar a imagem do PT na eleição de 2002.
Além da Secom, a agência Duda Mendonça tem outros dois contratos no governo federal -Petrobras e Ministério da Saúde.
Em 2003 e 2004, teve um faturamento total de R$ 120 milhões por serviços prestados a esses órgãos. Foram R$ 35 milhões em 2003 e mais R$ 85 milhões em 2004. Não há valores disponíveis para 2005.
Esses R$ 120 milhões se referem ao recebido por Duda para o pagamento de propaganda veiculada para os três contratos. Não é conhecido o valor da receita bruta e do lucro líquido do publicitário.
Antes do governo Lula, a agência de Duda Mendonça já era prestadora de serviços para a administração federal, no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). O baiano chegou a cuidar das contas do Banco Central e da Petrobras Distribuidora. Não estão disponíveis os valores faturados, mas eram negócios de menor relevância se comparados aos do governo atual.


Texto Anterior: Para seu irmão, Lula sabia de irregularidades
Próximo Texto: Escândalo do "mensalão"/Novas conexões: Maluf pagou Duda via EUA, acusa doleiro
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.