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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/NOVAS CONEXÕES
Em 1998, US$ 5 milhões teriam sido depositados por ordem do filho de ex-prefeito para pagamento de campanha ao governo de SP
Maluf pagou Duda via EUA, acusa doleiro
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O doleiro Vivaldo Alves, conhecido como Birigüi, declarou em
depoimento ao Ministério Público e à Polícia Federal que, por ordem de Flávio Maluf, filho do ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf, transferiu em 1998 US$ 5 milhões para o publicitário Duda
Mendonça em uma conta no Citibank de Nova York.
Alves afirmou que, segundo
Flávio Maluf, o dinheiro se destinava à campanha eleitoral de seu
pai, que na época disputava com o
tucano Mário Covas o governo de
São Paulo. Maluf negou a versão
ontem (leia texto nesta página).
Conforme Alves, o dinheiro teria sido transferido em parcelas
de cerca de US$ 840 mil cada uma,
entre junho e outubro de 1998. O
ponto de partida seria a conta
Chanani, no banco Safra de Nova
York, com destino à conta da Heritage Finance Trust, no Citibank
também de Nova York, "com favorecimento final ao publicitário
Duda Mendonça".
Constam da base de dados do
Safra de Nova York, que teve o sigilo parcial de algumas operações
quebrado e enviado à CPI do Banestado, pelo menos duas remessas de US$ 840 mil, oriundas da
Chanani e com o perfil semelhante ao descrito pelo doleiro.
Aconteceram em 15 de julho e 5
de agosto de 1998 e trazem também como anotações de referência dados relacionados à Suíça.
De acordo com informações
obtidas pela CPI do Banestado,
que investigou evasão fiscal e lavagem de dinheiro, a Heritage
movimentou cerca de US$ 31 milhões, entre 1997 e 2003, por meio
dos bancos MTB, Safra, Merchants e Banestado, além da offshore Beacon Hill.
No domingo, a Folha revelou
que Duda e sua sócia Zilmar Silveira movimentaram cerca de
US$ 1,5 milhão no sistema financeiro americano usando a conta
da offshore Agata, no MTB Bank.
A Agata, que segundo a PF tem
sede nas Ilhas Virgens Britânicas e
pertence ao casal Myriam e Roger
Haber, que vive em São Paulo,
movimentou US$ 600 milhões.
O caminho das operações associadas a Duda e Zilmar passa por
duas contas no BankBoston que,
conforme a base de dados do
MTB, pertenceriam ao publicitário e à sua sócia.
Quebra de sigilo
Na semana passada, a PF pediu
ao STF (Supremo Tribunal Federal) a quebra do sigilo das contas
que seriam de Duda e Zilmar no
BankBoston, bem como daquela
mantida pela offshore -conta
cujos nomes dos sócios não são
revelados- Dusseldorf no sistema financeiro americano.
Os pedidos foram apresentados
no âmbito do inquérito que investiga o pagamento do chamado
"mensalão" e dependem ainda de
apreciação do ministro do STF
Joaquim Barbosa, relator do caso.
Em seu depoimento, prestado
no dia 2 de agosto, o doleiro Vivaldo Alves disse que, ao ser intimado pela PF, entrou em contato
com Flávio Maluf. Reunidos no
escritório de um advogado, conforme contou o doleiro, Flávio teria pedido a ele que usasse do direito de somente prestar declarações em juízo. Alves recusou.
Diante de procuradores e policiais, ele disse que estaria disposto
a colaborar e passou a contar detalhes sobre suas operações, entre
as quais as destinadas a Duda
Mendonça.
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