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Indústria quer regras claras para agências
Regulação voltou ao debate nesta semana, após ministro pedir a possibilidade de demissão de diretores
DA REDAÇÃO
É possível discutir a demissão de diretores das agências
reguladoras, mas, antes de tudo, é preciso criar regras claras
para que isso ocorra e melhorar
os processos de admissão dos
dirigentes. Quem defende essa
posição são entidades como
CNI (Confederação Nacional
da Indústria), Abdib (Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústrias de Base) e Fiesp
(Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo).
As agências foram debatidas
pelo governo nesta semana,
quando o Ministro das Telecomunicações, Hélio Costa, e o
presidente da Câmara, Arlindo
Chinaglia, pediram mudanças
na legislação, para permitir demissão de diretores.
José Augusto Coelho Fernandes, diretor-executivo da
CNI, afirma que "ninguém defende a criação de uma casta de
intocáveis, mas as hipóteses de
substituição devem ser limitadas e de caracterização objetiva
e cada processo deve ser aprovado pelo Congresso".
Para ele, as diferenças entre
agências e ministérios devem
ser claras, mas os papéis ainda
"estão em penumbras". "Nós
falamos de contratos de 10 a 50
anos. Por que se precisa das
agências? Porque não se confia
no humor dos governos", diz.
Segundo Rodolfo Tourinho,
ex-ministro de Minas e Energia
no governo FHC, atualmente
na Fiesp, "o grande problema
não é a demissão de diretores,
mas o cuidado na admissão".
"Acho que o atual governo nunca deu o poder e a independência que as agências deveriam
ter", complementa.
Outro que diz ser preciso defender a manutenção da independência política e da autonomia financeira é Paulo Godoy,
presidente da Abdib. "Acreditamos que a lei geral pode ser melhorada nesse sentido. O ministério deve ser responsável somente pela elaboração das políticas pública -e só isso, nada
mais." Segundo ele, "é necessário que a análise e decisão em
torno da possível destituição
seja feita pelo Senado, e nunca
pelo presidente".
Professor da FGV, Carlos
Sundfeld classifica a proposta
de demissão de diretores de
"desastre total". "É acabar com
a idéia de agência autônoma. A
suposição de que a retirada da
estabilidade aumenta o controle é um equívoco. Os cargos vão
cair no varejo politico."
(FERNANDO BARROS DE MELLO)
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