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JANIO DE FREITAS
Tudo em ordem
As disparidades no tratamento dado aos candidatos
pelos meios de comunicação
desmoralizam as eleições e,
com isso, denunciam o próprio regime dito democrático.
Mas nem assim é o caso de se
esperarem providências reparadoras por parte da Justiça
Eleitoral.
Ciro Gomes está sendo vítima de boicote mesmo. Não
por discriminação propriamente, já que também os demais candidatos tidos como
oposicionistas são discriminados, na repartição do espaço,
do tempo e das atenções da
mídia.
O que diferencia Ciro Gomes
dos demais é a convicção, no
meio jornalístico e no meio
empresarial, de ser ele o candidato capaz de causar mais
prejuízos à candidatura de
Fernando Henrique Cardoso.
Ninguém duvida de que o espaço e o tempo que lhe fossem
concedidos seriam utilizados
por argumentação bem articulada, dados convincentes,
informação até dos bastidores
governamentais e impetuosidade.
Esse armamento, sem dispositivo partidário e, alternativamente, sem apoio dos meios
de comunicação, com certeza
seria insuficiente para elevar
a candidatura de Ciro Gomes
às alturas. Mas daria muito
bem para fazer na candidatura Fernando Henrique um estrago que, mesmo não se convertendo em votos para Lula,
o beneficiaria ao afugentar
parcelas do eleitorado fernandista -ainda que para o voto
nulo ou branco.
A reclamação de Lula ao
Tribunal Superior Eleitoral,
pelo favorecimento a Fernando Henrique em comparação
com sua candidatura, prescinde de acréscimo aos motivos que todos conhecem e ao
que todos vêem, todos os dias.
Os dados são gritantes, mas
valem só como curiosidade.
Em uma só rede, por exemplo, o tempo dedicado a Fernando Henrique em uma só
semana equivaleu a um jornal das oito inteiro só para
sua candidatura. Os outros
candidatos, somados, tiveram
dez minutos. E daí? Haveria
alguém que não soubesse que
seria assim? A lei reeleitoral
não foi montada pelos governistas e aprovada por eles
próprios senão para permitir
o que está acontecendo. A Justiça Eleitoral não é desprovida dos modos e meios de fazer
justiça senão para que seja
inerte diante do que está
acontecendo.
E acontecendo não só na
(re)eleição presidencial. Passa-se o mesmo em todos os
Estados e prefeituras cujos governadores e prefeitos não foram trapalhões demais, na
montagem da própria reeleição ou na candidatura do
pretenso sucessor.
Até agora, a (re)eleição segue à risca o previsto, sem exceção.
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