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PRIVATIZAÇÃO
Eliseu Padilha (Transportes) confirma que ninguém foi multado
Governo diz ter advertido
operadores das ferrovias
CRISTIANA NEPOMUCENO
da Sucursal de Brasília
O ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, disse ontem à Folha
que advertiu as empresas privadas
que administram grande parte da
malha ferroviária federal e não
cumpriram as metas de produção
estabelecidas nos contratos de
concessão.
Apesar das advertências, o ministério autorizou na semana passada um reajuste de até 4,07% para
as tarifas cobradas pela ferrovia
Novoeste, administrada pelo grupo norte-americano Noel.
A Novoeste foi a concessionária
que teve o pior desempenho no
cumprimento das metas de produção entre julho de 96 e março
deste ano.
"O reajuste estava previsto no
contrato e foi feito com base no
IGP-DI. Assim como ele foi cumprido no que tange às penalidades,
também não poderia deixar de ser
cumprido com relação ao reajuste", disse Padilha.
Punições
O ministro confirmou que ainda
não aplicou multas às empresas ou
anunciou a cassação das concessões porque a produtividade das
concessionárias está melhorando
e ele quer aguardar os resultados
deste ano.
"Vou analisar os números deste
ano e, aí sim, seguir a sequência de
punições previstas nos contratos",
afirmou.
Na sexta-feira passada, o assessor especial do ministro Roberto
Vaz disse que o ministério não deveria aplicar sanções às empresas
este ano porque espera que as concessionárias melhorem os serviços
a partir do ano que vem.
As advertências às ferrovias Novoeste (malha Oeste), Centro-Atlântica (malha Centro-Leste),
MRS Logística (malha Sudeste) e
Sul-Atlântico (malha Sul) foram
publicadas no "Diário Oficial" da
União entre setembro de 97 e maio
deste ano.
Segundo Padilha, a advertência é
a primeira sanção prevista nos
contratos, e se houver "inadimplência reiterada", ele poderá aplicar multas.
As cassação das concessões só
será feita em último caso, segundo
o previsto em contrato.
Benjamin Huber, diretor comercial da Ferropasa, holding que administra a Novoeste, afirmou que
o reajuste autorizado pelo ministério não será repassado aos clientes da empresa.
Huber disse que o não-cumprimento das metas de produção prejudicou a própria ferrovia.
"Quem mais sofre com a queda
da produção somos nós. Temos
interesse em aumentar o volume
transportado", disse.
Huber afirmou que a queda no
volume transportado foi gerada
pela desregulamentação no setor
de combustíveis, que permitiu aos
distribuidores descentralizar as
suas compras.
Isso teria provocado uma redução no transporte ferroviário de
combustíveis e aumentado o volume transportado por rodovias.
"Em 96, 41% do volume transportado pela Novoeste era de
combustíveis. Em 97, esse número
caiu para 26%", afirmou. Segundo
Huber, os índices de redução de
acidentes e de produtividade têm
melhorado.
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