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CAMPANHA
Após palestra a militares, tucano insinua que petista tem "duas caras" e cobra posição sobre "relações" entre o MST e as Farc
Lula apóia a bomba atômica, afirma Serra
MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO
No dia dos mais duros ataques à
candidatura de Luiz Inácio Lula
da Silva (PT) na campanha eleitoral, o candidato José Serra (PSDB)
disse ontem que o adversário é a
favor da bomba atômica, insinuou que o petista tem "duas caras" e cobrou posição sobre "as
relações" entre o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra) e a guerrilha das Farc
(Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Serra fez as declarações à tarde,
em entrevista, após palestra no
Rio a uma fundação composta
por militares.
No horário gratuito da TV das
13h, seu programa associou
agressões de grevistas (no ano
2000) ao então governador de São
Paulo, Mário Covas, a um discurso feito dias antes pelo presidente
do PT, José Dirceu (SP).
Serra concentrou suas críticas
no mesmo tom da TV, onde um
locutor disse: "O PT que você tem
visto na TV é um PT bem maquiado, bonzinho e equilibrado pra
tentar ganhar as eleições".
No Rio, o candidato do PSDB
disse que Lula tem se ""ocultado
atrás" do publicitário Duda Mendonça (que o ""vende" como político light), do procurador da República Luiz Francisco de Souza
(ao abrir ação contra um ex-sócio
e um ex-arrecadador de campanha de Serra) e de Anthony Garotinho (no debate da TV Record).
"Quando eu disse aqui "eu não
tenho duas caras", quis dizer nesse
sentido". "Não o Serra 1, o Serra 2.
O Serra linha 1, o Serra linha 2".
Indagado se Lula tinha duas caras, respondeu: "O Lula tem pelo
menos [duas] fases. (...) Eu espero
que as duas rapidamente convirjam. (...) Espero que o Lula faça
essa convergência. O que o Lula e
o PT pensam. E o Lula paz e amor.
O PT real e o PT da TV".
Serra afirmou, sobre o seu programa de TV, que ""provavelmente [José Dirceu" não foi responsável [pela agressão a Covas". Mas
falou as coisas que disse [em discurso a grevistas]".
Na palestra aos militares e na
entrevista, o tucano bateu na tecla
de ser favorável à posição que o
governo brasileiro tomou de aderir ao Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares.
Na semana passada, no mesmo
evento, Lula se disse contrário,
agradando à platéia, majoritariamente de oficiais reformados e da
reserva. ""Está na hora de o Lula se
mostrar tal como ele é para a gente debater as questões. (...) Estou
disposto a debater com o Lula (...)
por que ele é contra o tratado. Por
que ele é a favor, em última instância, da bomba atômica. O tratado se destina a isso".
Na palestra, o ex-ministro do
Exército Leônidas Pires Gonçalves (governo de José Sarney, que
agora apóia Lula) disse que a restrição ao tratado não se deve ao
anseio de fabricar artefatos nucleares, mas à falta de garantia de
transferência de tecnologia.
Serra voltou a citar as relações
do PT com o MST: "O MST teve
relações com as Farc. Está certo
ou errado? O que o Lula acha disso?" "Campanha (...) não é na base da paz e amor", disse. "Tem
que debater as questões políticas,
econômicas e estratégicas".
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