São Paulo, quarta-feira, 18 de setembro de 2002

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CAMPANHA

Após palestra a militares, tucano insinua que petista tem "duas caras" e cobra posição sobre "relações" entre o MST e as Farc

Lula apóia a bomba atômica, afirma Serra

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

No dia dos mais duros ataques à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na campanha eleitoral, o candidato José Serra (PSDB) disse ontem que o adversário é a favor da bomba atômica, insinuou que o petista tem "duas caras" e cobrou posição sobre "as relações" entre o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e a guerrilha das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Serra fez as declarações à tarde, em entrevista, após palestra no Rio a uma fundação composta por militares.
No horário gratuito da TV das 13h, seu programa associou agressões de grevistas (no ano 2000) ao então governador de São Paulo, Mário Covas, a um discurso feito dias antes pelo presidente do PT, José Dirceu (SP).
Serra concentrou suas críticas no mesmo tom da TV, onde um locutor disse: "O PT que você tem visto na TV é um PT bem maquiado, bonzinho e equilibrado pra tentar ganhar as eleições".
No Rio, o candidato do PSDB disse que Lula tem se ""ocultado atrás" do publicitário Duda Mendonça (que o ""vende" como político light), do procurador da República Luiz Francisco de Souza (ao abrir ação contra um ex-sócio e um ex-arrecadador de campanha de Serra) e de Anthony Garotinho (no debate da TV Record).
"Quando eu disse aqui "eu não tenho duas caras", quis dizer nesse sentido". "Não o Serra 1, o Serra 2. O Serra linha 1, o Serra linha 2". Indagado se Lula tinha duas caras, respondeu: "O Lula tem pelo menos [duas] fases. (...) Eu espero que as duas rapidamente convirjam. (...) Espero que o Lula faça essa convergência. O que o Lula e o PT pensam. E o Lula paz e amor. O PT real e o PT da TV".
Serra afirmou, sobre o seu programa de TV, que ""provavelmente [José Dirceu" não foi responsável [pela agressão a Covas". Mas falou as coisas que disse [em discurso a grevistas]".
Na palestra aos militares e na entrevista, o tucano bateu na tecla de ser favorável à posição que o governo brasileiro tomou de aderir ao Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares.
Na semana passada, no mesmo evento, Lula se disse contrário, agradando à platéia, majoritariamente de oficiais reformados e da reserva. ""Está na hora de o Lula se mostrar tal como ele é para a gente debater as questões. (...) Estou disposto a debater com o Lula (...) por que ele é contra o tratado. Por que ele é a favor, em última instância, da bomba atômica. O tratado se destina a isso".
Na palestra, o ex-ministro do Exército Leônidas Pires Gonçalves (governo de José Sarney, que agora apóia Lula) disse que a restrição ao tratado não se deve ao anseio de fabricar artefatos nucleares, mas à falta de garantia de transferência de tecnologia.
Serra voltou a citar as relações do PT com o MST: "O MST teve relações com as Farc. Está certo ou errado? O que o Lula acha disso?" "Campanha (...) não é na base da paz e amor", disse. "Tem que debater as questões políticas, econômicas e estratégicas".


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