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Situação de Ciro preocupa comitê do PSDB
RAYMUNDO COSTA
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os ataques desferidos ontem no
rádio e na televisão pelo candidato do PSDB, José Serra, contra o
PT têm como alvo um terço do
atual eleitorado de Luiz Inácio Lula da Silva, que admite mudar de
voto até as eleições.
Para a campanha de Serra, é imprescindível tirar votos de Lula
para impedir que ele liquide a
eleição já no primeiro turno.
Houve quem discordasse da tática no comando da campanha,
que hoje se reúne em Brasília.
O temor é que os ataques se voltem contra o próprio Serra. Mas a
preocupação ontem do tucano já
era outra: seu comitê detectou
uma articulação para levar Ciro
Gomes (PPS) a renunciar na última semana antes da eleição.
A renúncia de Ciro nessa circunstância poria uma pá de cal
sobre a pretensão dos tucanos de
ir ao segundo turno. O PSDB já
está reativando os antigos canais
de que dispõe com os tucanos do
Ceará para evitar que isso ocorra.
Nos ataques de ontem, Serra
procurou desqualificar Lula para
a Presidência pelo fato de ele não
ter diploma universitário. E mostrou imagens do presidente do
PT, José Dirceu, incentivando
professores a manter uma greve.
Segundo pesquisas internas do
PSDB, há um terço do atual eleitorado de Lula suscetível a esse argumento. Mas nem todos na campanha concordam com a tática.
O coordenador político, Pimenta da Veiga (PSDB-MG), defende
que sejam apontadas contradições do PT e do próprio Lula. O líder do PSDB na Câmara, Jutahy
Junior (PSDB-BA), é contra um
embate pessoal com o petista.
"Temos de explorar as contradições ideológicas e da prática política do PT, e não personalizar os
ataques. Não podemos ter um
embate com Lula semelhante ao
que tivemos com Ciro", diz Jutahy. Já para Pimenta, o programa
tucano deve "comparar o Lula
com o Lula, o PT com o PT. A
idéias do Lula [de antes] com as
idéias do Lula [de agora] e as
idéias do Lula com as do Serra".
Segundo Pimenta, essa estratégia não fortalecerá a imagem de
"truculento e desagregador" que
os adversários difundem de Serra.
Para ele, não há problema em atacar adversários. ""O problema é
desagregar aliados."
Os tucanos acham que, diante
das contradições apresentadas, o
eleitor questionará "qual PT governará". Com isso, acham que o
eleitor que não é tradicional do
PT penderá para Serra.
Os principais aliados de Serra
participam hoje de reunião do
conselho político. Além do candidato, são esperados governadores
e candidatos a governador, a senador e a deputado federal. Serão
definidos a estratégia para a reta
final e um roteiro de viagens.
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