São Paulo, quarta-feira, 18 de setembro de 2002

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Situação de Ciro preocupa comitê do PSDB

RAYMUNDO COSTA
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os ataques desferidos ontem no rádio e na televisão pelo candidato do PSDB, José Serra, contra o PT têm como alvo um terço do atual eleitorado de Luiz Inácio Lula da Silva, que admite mudar de voto até as eleições.
Para a campanha de Serra, é imprescindível tirar votos de Lula para impedir que ele liquide a eleição já no primeiro turno. Houve quem discordasse da tática no comando da campanha, que hoje se reúne em Brasília.
O temor é que os ataques se voltem contra o próprio Serra. Mas a preocupação ontem do tucano já era outra: seu comitê detectou uma articulação para levar Ciro Gomes (PPS) a renunciar na última semana antes da eleição.
A renúncia de Ciro nessa circunstância poria uma pá de cal sobre a pretensão dos tucanos de ir ao segundo turno. O PSDB já está reativando os antigos canais de que dispõe com os tucanos do Ceará para evitar que isso ocorra.
Nos ataques de ontem, Serra procurou desqualificar Lula para a Presidência pelo fato de ele não ter diploma universitário. E mostrou imagens do presidente do PT, José Dirceu, incentivando professores a manter uma greve. Segundo pesquisas internas do PSDB, há um terço do atual eleitorado de Lula suscetível a esse argumento. Mas nem todos na campanha concordam com a tática.
O coordenador político, Pimenta da Veiga (PSDB-MG), defende que sejam apontadas contradições do PT e do próprio Lula. O líder do PSDB na Câmara, Jutahy Junior (PSDB-BA), é contra um embate pessoal com o petista.
"Temos de explorar as contradições ideológicas e da prática política do PT, e não personalizar os ataques. Não podemos ter um embate com Lula semelhante ao que tivemos com Ciro", diz Jutahy. Já para Pimenta, o programa tucano deve "comparar o Lula com o Lula, o PT com o PT. A idéias do Lula [de antes] com as idéias do Lula [de agora] e as idéias do Lula com as do Serra".
Segundo Pimenta, essa estratégia não fortalecerá a imagem de "truculento e desagregador" que os adversários difundem de Serra. Para ele, não há problema em atacar adversários. ""O problema é desagregar aliados."
Os tucanos acham que, diante das contradições apresentadas, o eleitor questionará "qual PT governará". Com isso, acham que o eleitor que não é tradicional do PT penderá para Serra.
Os principais aliados de Serra participam hoje de reunião do conselho político. Além do candidato, são esperados governadores e candidatos a governador, a senador e a deputado federal. Serão definidos a estratégia para a reta final e um roteiro de viagens.


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