São Paulo, domingo, 18 de setembro de 2005

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Saída para crise passa por afirmação de valores socialistas, diz Rosário

DA REPORTAGEM LOCAL

Deputada estadual pelo Rio Grande do Sul, a professora Maria do Rosário, 38, é a candidata à presidência do partido pelo Movimento PT. A tendência, opção para moderados descontentes, é vista como braço de apoio do Campo Majoritário. Filiada há 11 anos, apóia a reeleição do presidente Lula, e diz que "a saída da crise não é a porta de saída do PT".

Folha - O que a sra. diz aos militantes que apostaram no partido e hoje assistem a crise?
Maria do Rosário -
Que o PT é o único partido, verdadeiramente, que tem a capacidade de sair dessa crise porque tem uma base militante, uma vitalidade impressionante nascida do embate político, da consciência do que esse partido representa para o sonho das pessoas. Em vez de chorar, nós devemos ir à luta para defender o PT e o projeto que nos representa através de Lula como presidente.

Folha - Os adversários dizem que o Movimento PT e o Campo se parecem. Como diferenciá-los?
Rosário - Eles governaram o PT de forma temerária. Como projeto político o Campo Majoritário acabou. Sua forma de fazer política foi condenada no partido e publicamente. O Movimento PT dialoga com outros grupos e com a sociedade com mais abertura. Temos diferença na prática política, na transparência das nossas ações. Nós do Movimento PT e a nossa candidatura não vemos nenhuma contradição em apoiar o governo Lula e criticar algumas de suas políticas. Nós pensamos que o partido deve ser formulador de política e deve ter um relacionamento permanente com a sociedade e levar as ponderações da sociedade ao governo

Folha - Qual a responsabilidade do Campo na atual crise?
Rosário -
Acho que a responsabilidade é de um núcleo de direção e não de todos os integrantes. Esses companheiros destruíram muito da confiança das pessoas em geral e dos militantes. A maioria das pessoas está sofrendo com isso, mas não quer sair do PT. A saída dessa crise não é a porta de saída do PT. É, ao contrário, a capacidade de unidade, de afirmação de valores socialistas e, ao mesmo tempo, a capacidade de dialogar com a sociedade.

Folha - A falta de crítica do Campo quanto ao governo prejudicou?
Rosário -
De certa forma sim porque fez crescer dentro do governo os posicionamentos mais conservadores. Mas o governo é o nosso, nós o defendemos e vamos levar o Lula à reeleição porque é o melhor candidato para o Brasil.

Folha - Como o partido poderia ter sido mais propositivo?
Rosário -
Na área econômica, por exemplo. Não há dúvida que o Brasil conseguiu firmar responsabilidade na gestão macroeconômica, mas não tenho dúvida que isso exige a liberação mais ampla do setor produtivo, da queda de juros, a garantia de investimentos mais fortes na área social.

Folha - Se Berzoini ganhar será um sinal ruim para a militância?
Rosário -
O segundo turno vai acontecer e a vitória será da oposição. A vitória do Campo Majoritário, neste momento, comprometeria o resgate do PT. A vitória do Campo Majoritário seria um símbolo de que tudo pode ficar como está. Defendo que quem dirigir o PT terá que ter a clareza de produzir uma direção colegiada para o partido.


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