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Saída para crise passa por afirmação de valores socialistas, diz Rosário
DA REPORTAGEM LOCAL
Deputada estadual pelo Rio
Grande do Sul, a professora Maria
do Rosário, 38, é a candidata à
presidência do partido pelo Movimento PT. A tendência, opção para moderados descontentes, é vista como braço de apoio do Campo Majoritário. Filiada há 11 anos,
apóia a reeleição do presidente
Lula, e diz que "a saída da crise
não é a porta de saída do PT".
Folha - O que a sra. diz aos militantes que apostaram no partido e
hoje assistem a crise?
Maria do Rosário - Que o PT é o
único partido, verdadeiramente,
que tem a capacidade de sair dessa crise porque tem uma base militante, uma vitalidade impressionante nascida do embate político,
da consciência do que esse partido representa para o sonho das
pessoas. Em vez de chorar, nós
devemos ir à luta para defender o
PT e o projeto que nos representa
através de Lula como presidente.
Folha - Os adversários dizem que
o Movimento PT e o Campo se parecem. Como diferenciá-los?
Rosário - Eles governaram o PT de
forma temerária. Como projeto político
o Campo Majoritário acabou. Sua forma
de fazer política foi condenada no partido e publicamente. O Movimento PT
dialoga com outros grupos e com a sociedade com mais abertura. Temos diferença na prática política, na transparência das nossas ações. Nós do Movimento PT e a nossa candidatura não vemos nenhuma contradição em apoiar o
governo Lula e criticar algumas de suas
políticas. Nós pensamos que o partido
deve ser formulador de política e deve
ter um relacionamento permanente
com a sociedade e levar as ponderações
da sociedade ao governo
Folha - Qual a responsabilidade
do Campo na atual crise?
Rosário - Acho que a responsabilidade é de um núcleo de direção e
não de todos os integrantes. Esses
companheiros destruíram muito
da confiança das pessoas em geral
e dos militantes. A maioria das
pessoas está sofrendo com isso,
mas não quer sair do PT. A saída
dessa crise não é a porta de saída
do PT. É, ao contrário, a capacidade de unidade, de afirmação de
valores socialistas e, ao mesmo
tempo, a capacidade de dialogar
com a sociedade.
Folha - A falta de crítica do Campo quanto ao governo prejudicou?
Rosário - De certa forma sim
porque fez crescer dentro do governo os posicionamentos mais
conservadores. Mas o governo é o
nosso, nós o defendemos e vamos
levar o Lula à reeleição porque é o
melhor candidato para o Brasil.
Folha - Como o partido poderia
ter sido mais propositivo?
Rosário - Na área econômica,
por exemplo. Não há dúvida que
o Brasil conseguiu firmar responsabilidade na gestão macroeconômica, mas não tenho dúvida que
isso exige a liberação mais ampla
do setor produtivo, da queda de
juros, a garantia de investimentos
mais fortes na área social.
Folha - Se Berzoini ganhar será
um sinal ruim para a militância?
Rosário - O segundo turno vai
acontecer e a vitória será da oposição. A vitória do Campo Majoritário, neste momento, comprometeria o resgate do PT. A vitória
do Campo Majoritário seria um
símbolo de que tudo pode ficar
como está. Defendo que quem dirigir o PT terá que ter a clareza de
produzir uma direção colegiada
para o partido.
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